★ Flávio Souza Cruz ★

★ D R E A M S ★

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terça-feira, novembro 18, 2008

Uma carta é um relato de intenções. Tingida de branco, sangue ou lágrimas a carta é, em seu próprio papel, uma velada intenção de transportar universos. Letra pomposa, rabisco difícil, ornada de flores, entregue em mãos... a carta é, antes dela mesma, uma brincadeira. Jogamos esperanças e expomos aflições em papel tal como o rolar de uma bola de gude. Montamos buracos e seguramos a roda do tempo para...

quarta-feira, novembro 08, 2006

"Na lúgrube cela empoirada dos meus cuidados, há um quê de folhas verdes que teimam em se erguer. Os galhos do sustento são como linhas de cobre entrelaçadas. Perfuram o céu, perfuram a terra, perfuram a mim. E da transfusão colhida, me dou ao prazer do encharco. Três linhas a menos e nada a dizer. O texto se come às avessas. Aperto a esponja que sou à espera da fuga dos insetos. Uns sempre ficam,...

quarta-feira, março 09, 2005

Escutei lá pelas bandas do sul, da boca de um velho escritor, uma lenda sobre as mulheres. Conta a estória que elas, em verdade, são seres divinos, são anjos aqui na terra. Do conto à verdade, para sabermos da estória, num maior tanto, é preciso que nos salvemos do encantamento.Miguel chegara em casa e ainda era cedo. Reclamava do dia, reclamava das horas, reclamava dos pães à mesma. Na grosseria...

terça-feira, março 08, 2005

A lágrima é uma gota de humor, um pingo. Ornamento prateado com que bordam os panos de dó, um tudo-nada, um tudo-ter em lágrimas na voz. "Laurinda, deixo-te a menina. Vou-me. Tu sabes. Nada acrescento mais. Teu pai em carne seca me quer. Parto. Me deixo para trás em teus braços. Me continuo nela, me pertenço em ti. Minto. Que meu desejo é morte. É Pedro quem deve te cuidar. É Pedro o homem da tua...

segunda-feira, março 07, 2005

No encontro da rua Augusta com a praça do Rosário número cinquenta e dois, Wanyr, passo altivo, se defronta com o Sr. Samuel. Em cordial e afável sorriso os dois levemente abaixam a cabeça. Samuel, inclinado para a esquerda, um gesto ainda com o braço. Se estudam. Wanyr, olhar concêntrico lhe mede olhos, boca e rugas como se o vento lhe dissesse coisas. Desenha na mente o rosto e percorre cada traço....

quinta-feira, março 03, 2005

Na beirada do laranjal moram cheiros do passado dos meus passos. Na beirada do laranjal mora o balanço do meu sorriso. E lá bem fundo, na beirada do laranjal, mora o rio do meu sonho. Lá, bem antes, bem cedo, bem viva eu corria, longe, caminhando nos cheiros, nas folhas do laranjal. Ela cheirava folhas e sentia peles. Ela cheirava a pele e a sentia folha. Trocava cheiros por lembranças, odores por...

quarta-feira, setembro 03, 2003

Naquele soluço do tempo, chamado colo de Deus, lhe contaram ser um filme a projeção daquilo que deveria cumprir logo abaixo. E que não se preocupasse, pois o rolo já estava fechado e a luz na tela íngreme iria guiar, e quase sempre, até mesmo empurrar, seus passos para boa cena na fita poder ser. Lhe deram violino e uma pauta e preocupar apenas com a música, que de resto deveria ser bem colada a tudo...

quinta-feira, junho 12, 2003

Um dia, fim de tarde num estiramento de nuvens vermelhas, José Arcanjo dos Santos abre seus braços no alto da pedra. Seu gesto-espantalho é girado num encantamento proseado em si mesmo. "Nazinha, meu querer, do meio de ti o azulão voei, e por tua boca morreu. Deixo faca, foice e fel, derramo os braço por nosso senhor qui dipressa vem cum força e fé o nosso rumo já é dado. Que de mim reste o pó das...

segunda-feira, maio 19, 2003

Enquanto alinhava os distorcidos fios da sombrancelha, lhe ocorreu a idéia de que seu dedo e mão estavam próximos de seus olhos. Dava para ver a luz embaçada entre os dedos e o anel que brilhava dourado, destacando-se no conjunto. O dedo médio e o indicador roçavam os fios como num cafuné desinteresado. Passou então a abrir os dedos e a fechar, cada um como se fosse um take de cinema. A brincadeira...

sexta-feira, maio 16, 2003

E a fortuna conspirada com as nuvens, num arrozoado saber matutino, uniu o magro rapaz chamado Egoísmo à velha e gorda Comodidade como se fosse então um casório de fim de tarde, destes de vila escondida. Os dedos entrelaçados se amainavam um ao outro, segurando a vontade da cama vindoura. Não saíram do quarto, é certo. Ele, paixão pra dentro e olhos nos pés, sorriu como a decretrar novos planos...

segunda-feira, maio 12, 2003

E no terceiro dia de outubro ao norte da cidade de Hersell, foram orar pela morte da palavra. Ao chegar ali, uma virgem, uma prostituta e uma ocupada de pés calçados eram vistas em mármore negro se tocando pelas folhas. A virgem era chamada Helena e morrera ajoelhada pelo frio da espera. A prostituta, cujo nome era Bela, tornada velha empregada, de braços fechados lançou-se num amanhecer. A terceira...

segunda-feira, abril 21, 2003

Formando um quadrado, quatro banheiros de laje antiga branca, portas de madeira dessas que não chegam até o chão e uma descarga para ser puxada. E quando a usávamos, algo bem diferente acontecia pois de banheiro aquele quadro não tinha nada e era de fato um elevador. Subíamos uns 8 andares naquele prédio dos anos 40. Ao chegar, logo uma cortina de veludo azul nos recepcionava. Dava para escutar a...

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