Há dias em que me dedico ao suave murmurar do nada. Há dias em que me dedico a olhar o dia passando. E tudo, quase tudo, me parece o gesto do ponteiro repicando segundos. Há dias em que não vejo o sol e há dias em que mergulho na luz dos amperes. Nestes eu me colo ao tempo como uma pintura de Goya. De olhos estatelados, sempre abertos, me impressiono. Eu me assusto suavemente em pálpebras largas. Há dias, e este é um deles, em que meus olhos empalam as fotos da vida. Rasgo as lembranças e amacio as pequeninas coisas. Vejos os contornos, as cores e os tons, bem colados à parede. E os sentidos ocultos se perdem na distância mais oculta. Pois o sentido é dos dias me desfazer dos sentidos. Pois há dias, e este é um deles, em que me desfaço junto à parede.
quarta-feira, maio 04, 2005
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2 comentários:
Lindo!!!!!
Vai fazer um baita sucesso!!!
Bjs!
Obrigado, Isa!
Vamos que vamos!!!
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