★ Flávio Souza Cruz ★

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domingo, novembro 30, 2008


Por motivos religiosos, este blog entrará em recesso por 10 dias, enquanto eu cuido pela salvação da minha alma! Prometo que retornarei assim que me for possível. No entanto, o momento agora é de recolhimento total para as batalhas que me aparecerão pela frente! Me desejem força nesta caminhada... pois eu vou precisar muito (mesmo!) E... O retorno será muito bom, repleto de novidades. A energia estará renovada pela luta — OMNIA VINCIT AMOR!

Um último texto prometivo eu vos deixo - A mão e a palavra — que dos sentidos lhes caia em bom grado! No mais, eu vou me despedindo com o reflexivo documentário/filme Into Great Silence! Escutem o som do silêncio, meditem e tenham em mente que eu estarei assim nestes próximos dias. No mais...Oremos!



1 - A rádio (ou Epifania MTV) está finalmente pronta. Ainda vou acrescentar algumas boas músicas. Mas já está pronto o cantinho da rádio. Passe lá, pegue o seu banco... vamos prosear uns versos ao som destas músicas. Venha conhecer o sabor audio-visual que circunda este blog!

2 - Eu recomendo uma visita ao bestiário da Biblioteca Nacional Francesa. Lá vocês encontrarão "belas" imagens destes bichos tão fofos que permeavam as mentes medievais (principalmente). Confiram comigo se não são, por exemplo, lindos estes bichinhos aqui? Ou que tal este dragão apocalíptico papando o monge? Agora... poderoso mesmo é este grifo! Lindeza de bicho! Pois é isso, meus amigos! Não deixem de conferir esta bela coleção de bestiários e iluminuras!

3 - Só para constar — com o post do mosteiro, logo acima deste, o Epifania chegou à casa dos 200 posts na sua inconstante história. Parece muito para alguns e também pouco para outros. Mas, para mim, independente do que seja — isso merece um brinde! Parabéns, Epifania!

sexta-feira, novembro 28, 2008

1 - Está feito! Um antigo sonho blogueiro foi realizado. Tanto o Epifania quanto o Hiperfocus estão finalmente catalogados e interligados. Os últimos 3 posts do Hiperfocus aparecem sempre aqui ao lado, bem como lá o inverso. Os dois blogs foram devidamente organizados por marcadores e finalmente eu agora possuo uma verdadeira revista virtual com seções e tópicos de interesse. Agora ficou infinitamente mais fácil encontrar as coisas nos blogs, pesquisar por áreas e concatenar textos. Confesso que foi até uma redescoberta para mim. E confesso também que se a felicidade de um blogueiro existe - eu estou sim feliz!

2 - O Hiperfocus resgatou a sua antiga rádio, agora com formato multimedia! A Rádio Hiperfocus toca bom rock'n'roll e underground music! É pauleira! A rádio do Epifania logo logo vai aparecer, mostrando certamente outras vertentes musicais! Mas enquanto ela não aparece, confiram a Rádio Hiperfocus!

3 - O meu colega Boaventura dizia que "quem define um poema, definha o poema". Confesso que anteriormente quem se aventurava por aqui, normalmente fazia uma trajetória linear, me conhecendo aos poucos. Agora, de certa forma, eu fiquei fatiado. Não deixa de se curioso e estranho. Mas, por outro lado, a organização dos blogs não impede a antiga leitura linear e cronológica. É apenas uma ferramente a mais. Por isso, meus amigos - quero convidá-los a conhecer e a reler o Epifania, agora como um armário com as suas respectivas gavetinhas! Sejam bem vindos e boa viagem!

segunda-feira, novembro 24, 2008

Uma velha mulher, seu canto e suas odes. Desenho um arco no chão e me cubro de suas lembranças. É tarde — me parece que a vida já vai se pôr... Uma voz grave recita versos em outra língua. As palavras me cobrem a fronte — circulam como chama em meus olhos.

De joelhos, aperto a terra nas mãos e vou sentindo o sangue a pulsar em meu pescoço. Observo acima e vejo as escadas coladas à parede. A mulher está lá. Seu canto está lá, recitando para a fumaça das nuvens. O horizonte vermelho vai se borrando ao final dos prédios. É tarde — me parece que a vida já vai se pôr.

Me lembro da última palavra não-dita, do último olhar não-visto, da última vida perdida — "da palavra aos olhos, da vida à terra, da terra ao coração..." O sangue pulsa em pesados coágulos redondos. A noite está vindo, a janela ainda aberta, meus olhos para cima... meus olhos amarrados, só nela a pensar.

A janela abaixo, meu olhar para cima. A tarde caindo, a velha senhora. Janela fechada, o olhar jogado à terra. Alguns passos e mais a sombra, um sapato e nada aquém... foi a vida a esbarrar nas minhas costas. Não houve fim e nem um começo. Do alto à terra, do quarto à rua, do canto à mim - somente o perpassso.

terça-feira, novembro 18, 2008

Uma carta é um relato de intenções. Tingida de branco, sangue ou lágrimas a carta é, em seu próprio papel, uma velada intenção de transportar universos. Letra pomposa, rabisco difícil, ornada de flores, entregue em mãos... a carta é, antes dela mesma, uma brincadeira. Jogamos esperanças e expomos aflições em papel tal como o rolar de uma bola de gude. Montamos buracos e seguramos a roda do tempo para no espaço certo tocar a esfera de nosso intento. A carta planta respostas no jardim de nosso querer.

Ismael trabalhava com letras. Desde pequeno, soubera sua missão - costurar palavras. Voz calma, olhar sereno, Ismael recebia de bom grado pedaços quebrados de intenções. Eram muitos e vinham de todos os cantos trazidos por olhares mil: "Costure aqui, por favor... olhe ali aquela letra faltando... lembre-se do envelope, heim!"!

Trabalho árduo, muitas vezes ingrato, repetia-se ali nas mãos do bom rapaz a mágica das mariposas. De duas pedras fazia ele o fogo que queimava em letras no envolver de seus dedos. E no crepitar da foligem, no sopro da labareda salpicavam mariposas em brasa. O ar era então um rasgo de asas enfeitiçando o vento. Rodavam, planavam, zuniam as mariposas em volta da chama. Olhos dourados e frêmita mão - Ismael segurava o sopro do fogo e com palavras fortes marcava uma por uma com letras por língua escrita o ventre das mariposas. E assim caiam uma por uma com o queimado ventre por sobre o amarelo papel do dia. "queima queima dor, faz no vazio incerto, carvão e sombra virarem flor", repetia ele em cada leva. Pétalas não só em verdade, mas de espinhos também se colhiam nas queimaduras do papel. Pequenos mundos de sonho e dor tomavam forma de desencanto e amor em cada mariposa morta.

Pães e pedras eram dados como paga, mas era dos olhares que Ismael se alimentava. Mastigava bem mastigado cada pedacinho - olhar de pedinte, alegria e volúpia, desalento e amargura, envergonhado jeito, e também às vezes do mais puro amor. Os pães do mundo eram feitos e seu vinho, um molhar de olhares. Nem sempre lhe apetecia o labor, é verdade. Pelas manhãs regorgitava suas mariposas e sentava no canto do quarto a desenhar as trajetórias de fogo. E cada desenho, cavalo alado, casa de pau-a-pique e noite estrelada por peixes, cada rabisco era uma página de seu livro de memórias. Vez por outra, uma mariposa suicida doava seu sangue em chama e escrevia por si mesma uma letra no livro de Ismael. E era tal o encanto da vida-morte que cada página letrada do livro dos desenhos entoava um canto quando aberta.

Dizem que Ismael se foi para os jardins do esquecimento. Virou lenda, boato, conto de caboclo daqueles bem perdidos que a gente só encontra nas taperas do mato. Na noite clara, no entanto, vejo-o andando aqui mesmo dentro de mim...fazendo trilhas de fogo... "meio sem rumo", penso eu...jogando por vez página de cavalo alado, casa de pau-a-pique, noite estrelada por peixes, uma labareda mastigada a nos calar.

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