★ Flávio Souza Cruz ★

★ D R E A M S ★

★ M A G I C ★

★ F A N T A S Y ★

segunda-feira, dezembro 08, 2003

A Bíblia Inglesa e as Revoluções do Séc. XVII, escrito pelo estoriador Christopher HillI e Dicionário de Lugares Imaginários de Alberto Manguel e Gianni Guadalupe - estes são os livrinhos que estou lendo neste momento. Ótimos, por sinal. O primeiro fala sobre as influências que a impressão e a livre interpretação do texto bíblico geraram na comunidade inglesa do século XVII e o segundo, um deleite, faz uma coletânea de diversos lugares imaginários, criados por diversos escritores ao longo dos séculos. Coloquei links para a livraria cultura, que é o lugar de onde tiro as fotos dos livros. Recomendo com vontade os dois livros, principalmente o segundo. O único detalhe negativo é o preço - mas a resultado final compensa, sem dúvida!

sábado, novembro 22, 2003

Estava procurando por uma página que me falasse sobre a forma de amar ágape e acabei encontrando essa aqui, A Escala dos níveis de amor, escrita, creio que, a partir dos trabalhos de Jean-Yves Leloup, na qual são exploradas várias etimologias gregas para o amor. Recomendo dar uma olhada! É muito interessante!

sábado, novembro 15, 2003

Acabei de chegar do lançamento do livro de poesias "Delírio Trêmulo", escrito pelo meu amigo Flávio Boaventura e editado pela "7 Letras". Ainda não o li completamente mas, desde o início em que o tive nas mãos, me despertou muito a leitura do poema Mixagem. Pequeno, simples estilhaçante como vocês podem ver:

Não lastimar estilhaços,
ser o furor das coisas estilhaçadas
e fazer de cada caco
uma concha acústica.


Me tocou profundamente o verso "ser o furor das coisas estilhacadas", como se dali, dos nossos cacos diários, mensais e existenciais, brotasse o sopro-urro de um dragão. Pássaro-assombro a revoar pelo vapor das cicatrizes vespertinas. Se a poesia do "Boa" te seduziu como a mim, dê um pulo na Livraria Ouvidor e complete o caminho dos delírios.

sábado, novembro 01, 2003

Me lembro do início de 93, quando fui a uma casa no bairro de Lourdes para comprar um bichinho. Quando cheguei, vieram correndo bem atabalhoados dois cachorrinhos beagle rolando pelo carpete e mordiscando um ao outro. Achamos um deles o mais bonito e decimos levá-lo. No entanto, a dona dos filhotes nos disse que na verdades só restara o outro para vender, aquele com uma mancha marrom na testa. Me lembro do primeiro dia no qual eu o pus em uma caixa e o deixei aqui no quarto para que pudesse olhá-lo. Me lembro de olhar no jornal e descobrir a pitoresca palavra Tibúrcio e de o "presentear" com esse nome. Me lembro de um ganido misturado a uma certa melancolia e espanto como se assim perguntasse: "Onde estou? Cadê os meus amigos?". Eram seus primeiros dias aqui em casa, ainda se acostumando com o novo ambiente. Me lembro também do primeiro dia em que o levei para passear, de como cravou suas unhas no cimento do passeio, morto de medo de toda aquela confusão que o cercava. Deste dia e dos outros que comigo passeara pela praça da Assembléia, por toda Lourdes e até a Savassi, quando incansavelmente me puxava e puxava, restam coloridas as imagens na memória. De quando o deixamos treinando sozinho, onde fome e mal tratos passou, e de seu retorno, quase salvamento, quando alucinado adentrou percorrendo cada centímetro da casa. Mal humorado ele era e muito safado também. Raptava sapatos e os levava para debaixo da mesa para vigiante e atento só os trocar por um pão de queijo ou biscoito. Era um cão lindo, cheio de vida, que por toda a redondeza fazia sucesso. Todos paravam para vê-lo. O bom e velho Tibe! Aquele que recebia a todos com cortesia, balançando o rabo como que a fazer as honras da casa. E de todos era o primeiro a correr à porta quando nela batiam. Era um bon vivant, todo balofo de tanto comer, negociando e roubando os pratos da casa. Um cara genioso que só fazia na verdade o que bem entendia e queria. Das vezes que o pegava no colo, sempre tentava escapar e só mesmo quando o queria era que vinha até a gente com aquele olhar de querer cafuné. Me lembro de suas alergias, das vezes no veterinário, dos latidos, cada um com seu tom, cada um com seu querer e pedir. Eram palavras, cada uma bem dita e escutada por mim. Andar vagoroso, sempre com um gingado pro lado, procurava sempre por uma árvore na rua, seu local sagrado de deixar a marca. Me lembro destes passos e de dez dias atrás com ele traçar os mesmos passos na Assembléia. Os passos eram lentos, a vista era turva, mas a alegria era a mesma - uma vontade sempre forte de sair e cuidar de suas árvores. Me lembro de na quarta, me deitar ao seu lado e por minutos ficarmos lá como que a comunicar segredos... um contando para o outro, suas dores e vontades. A idade chegara e tudo lhe era mais difícil. Em casa já sabíamos e nos preparávamos para o que estava por vir. E de tudo, aquele porvir necessário que é o contar pra trás das horas, de inesperado nos pegou. O bom e velho amigo, o "velhinho" se foi nessa última quinta. Seu coração parou numa súbita despedida, longe daqui, nas mãos dos médicos, do tempo e de Deus. Sua vida, alegria da casa, esvaiu de nossos dedos num contar de areia.

Me lembro das horas que me fazem lembrar das horas que com ele não estive. Um amigo se foi. E que tudo o mais é luto, qual seja o círculo amarelo que me mostrem. Recolham as flores, parem os sinos, fechem as janelas pois a noite chegou. Que em breve tudo passa e das estórias de acolhimento já as sei todas de cór. São velhas amigas, utensilhos de baú, sempre prontas as tenho num recital como este. Nada há nelas que a um amigo se faça o retorno. O chão é breve e a terra é tão curta pra vontades tão tantas. Lá bem longe, de quando em breve, na "Terra do Au", um latido mal humorado irá brilhar. No mais, na vida ausente, daqui de longe eu vou escutando. Adeus, meu bom amigo...

segunda-feira, outubro 27, 2003

Eu me lembro dos tempos do real forte, do início da internet, do início da Amazon e das minhas comprinhas felizes por lá pelos idos de 97 e 98. O preço era muito atraente e a festa foi boa. O tempo passou, o FHC se reelegeu e o câmbio foi para o espaço. Quando passou então dos 2,20, abandonei de vez aquela prática tão boa de me deleitar por aquela enxurrada de livros, livros e mais livros, os quais namorava por aquelas bandas. Na semana passada, resolvi dar um pulo novo e eis que acabei redescobrindo uma coisa que já tinha feito uma certa vez e que agora, com bom estudo se tornou uma boa alternativa - livros usados! Amigos, vocês não fazem idéia do que se pode comprar por lá com preços fantásticos. E olha que os usados que eu comprei nessa certa vez eram praticamente livros novos, sem diferença alguma. Recomendo a todos. Mas... afinal, o que eu comprei? 4 belezinhas bem baratas, todas "usadas": Fábula das Abelhas do Bernard de Mandeville, a obra completa em capa dura do Oscar Wilde, os Grundrisse do Marx (também em capa dura e que me saiu pela bagatela de US$ 1,70), e por fim o Teorias da Sociedade: fundações da moderna teoria sociológica, livro pequeno com 1479 páginas, organizado pelo Talcott Parsons. Por fim, só para dar a dica, existe lá na Amazon uma coleção fantástica com as obras completas do Shakespeare em capa dura por... 3 dólares! Amazing!

PS.1 - O Calor chegou! Gggrrrrrr!!! Eu odeio calor! Estou aqui escrevendo e sentindo o suor grudar na minha pele. Isso sempre me dá uma impressão de estar numa republiqueta caribenha... pior...sem praia!

domingo, outubro 19, 2003

Enquanto o tempo passa e os posts ficam na espera, resolvi colocar aqui uma das razões da minha ausência. Trata-se de uma longa noite que espero se tornará um dia bem festivo em minha vida que, pouco a pouco, vai ganhando forma finalmente. Na última noite, desliguei a TV e gravei uma coleção de mp3 com cantatas de Bach. Bem acompanhado, eu a noite e o dia vamos perambulando por Nietzsche, Hegel, Marx, Smith dentre outros amiguinhos. A música abre caminhos — é um ótimo alucinógeno para conversar com os "mortos"...

domingo, setembro 21, 2003

E N R E D E A R p o e t a m a r I N V E R S A R f a b r i r A R C A R n u n c a l a r I N C U L T A R a v o a r

quarta-feira, setembro 03, 2003




Naquele soluço do tempo, chamado colo de Deus, lhe contaram ser um filme a projeção daquilo que deveria cumprir logo abaixo. E que não se preocupasse, pois o rolo já estava fechado e a luz na tela íngreme iria guiar, e quase sempre, até mesmo empurrar, seus passos para boa cena na fita poder ser. Lhe deram violino e uma pauta e preocupar apenas com a música, que de resto deveria ser bem colada a tudo que visse e cheirasse. Copiou de pronto já umas boas partituras e no bolso guardou a estória de um tal Mozart, menino precoce que encenara o filme da terça. Fechou bem os olhos e já em pouso acordou virado pra baixo como se o inverso do ar fosse a Terra-teto-chão. De pronto, a angústia da perda se fez tão forte, pois das partituras lhe sobrara apenas o tom dobrado em D.

Era uma sexta-feira, 29 de abril de 69, ano de nosso senhor. A mão de sulcos velhos, lhe enroscava os cabelos e tez, como que num agrado lhe pudesse em termo, fazer acordar sem de todo despertar. O amigo ao lado dormia e a voz a inquerir, que dele já não era, em doce apelo acerca do agrado ao show, que de fato tinha sido, mas que agora era um balet sem música num salão de veludo. Quisera estar em Paris, compondo a nota belle elegant para bordéis de neon. Acaso, sorriu, lhe indicaram o vago portão de luzeiro carmim que recebia bem a quantia que podia pagar. Mas que tudo não lhe fazia mais os bugalhos da inversa vida, pois com boa sorte e metade do filme se podia tocar belos tangos e quem sabe à mulher de fartos seios que a seu lado sorria, compor uma cantata e havia pra isso de tudo o seu tempo. A facada aos treze, que na chegada à cidade, da fuga ao campo desatada daria um tom baião de morte e o beijo roubado à Rosalba, naquela tarde de fim de ano faria tremer as cordas na balada doce deixada na língua.


"Ahh..." se lembrando dos tons e de uns sopros inquietos, também um pouco. Levantou-se da mesma, beijou a mulher das mãos, e ao ébrio amigo lhe deu o ombro. Caminho em chuva, quase seis, ainda noite, cantarolou em pedaços, as faixas da trilha em mente. Tentava e tentava, de olhos quase-fechando, colar os cacos da vida em disco. Julgou serem ruídos de LP os buracos que não colavam e postulou ser assim mesmo tais coisas por aqui na cidade. Mal sabia o Ernesto, que por todos lhe chamavam Nesto, serem os buracos o fundo e a orquestra fortuna que a cada batida entoavam os rondós e a tragédia de seus dias. Mal sabiam eles, pensou o Nesto, que meus olhos, que de resto já enxergam a música, repuxaram meu ouvido. E neles, mal o sabem, já posso ouvir pedaços do aceno ao porvir, que ao longe sussurram não ser mais, eu nesse assombro, um vazio a cantar "tragedies no more..."



É clara e estrondante
É negra e angustiante

A dor que me punge
A alegria indizível

De me cantar em versos
Te mostrar em letras
Recolher meus restos

Nada tenho
Só me espanto
De em parcas linhas desgrenhadas
Ver o pó e a magia

Quando morro e renasço
Ao desenhar poesia
Tenho andado distante do mundo dos blogs e afirmar aquém e além disso já é repetir o óbvio. Outras tarefas me tomam o tempo, especialmente a preocupação e estudo com uma dissertação. Na verdade, um diálogo comigo mesmo e assombrações. Também tenho tirado um pouco de tempo para me deliciar com músicas maravilhosas que tenho catado pela net afora. Faço parte agora de uma trupe de aficcionados por música clássica no Direct Connect. Gente de todo mundo, bem maluca no melhor dos sentidos, daqueles por exemplo que dedicam 20 gigas de seu HD somente a Bach ou outros que possuem 50 gigas somente de música medieval e renascentista. Enquanto vou elucabrando planos de driblar o tempo, o micro trabalha arduamente dia e noite para capturar essas preciosidades e cá já vou juntando também os meus quinhões de belos cantos. Para aqueles que tiverem interesse em particpar do Hub e tiverem no mímino 5 gigas de clássico, mandem uma mensagem para mim neste e-mail. No último sábado, pecado não ter mencionado, ocorreu o lançamento de uma série de cartões-poemas publicados pelo meu amigo Flávio Boaventura na Livraria Ouvidor da Savassi. O nome da coletânea é "Tragicálias" e eu recomendo a todos os meus leitores. No mais, vou me deleitando com Yann Tiersen, "Rue des Cascades" e Blackmore's Night, "Diamonds and Rust", cuja letra, composta por Joan Baez pode ser vista aqui. Ah... antes que eu me esqueça um novo blog está no ar - Cinzas das Horas.

sábado, agosto 09, 2003

Testando 1.2.3

quarta-feira, agosto 06, 2003

Peguei a dica lá na Festa Móvel. É um teste para testar como anda o vocabulário nosso de cada dia. Está lá no Interney e não deixa de ser divertido fazer.

segunda-feira, agosto 04, 2003

3 dias longe de Belo Horizonte e, meus amigos, que paaaaaaazzzzzzzz... Já de muito tempo eu perdi a paciência com o lugar onde moro, principalmente por causa do barulho infernal. Tem vezes e estas já passaram dos dedos a contar, em que me imagino morando num lugar calmo onde posso ter o prazer de estar de bem comigo mesmo e com tudo ao meu redor. Estes poucos mas deliciosos dias resgataram uma boa parte de energias perdidas, vendo um "tempo", um "estar no tempo" que não é o meu, mas que tanto desejo ter. Passei em Ouro Preto para estar em Lavras Novas e é de lá que tiro essa minha quietude refeita. Afinal, estar num lugar como essa Casa Antiga faz parte do meu "eu em paz", ainda mais escutando Yann Tierssen ao fundo. Melhor do que isso, meu celular não pega lá! Amém, abeçoada tecnologia que não funcionou.

sexta-feira, agosto 01, 2003

Bom - nos próximos dias, não irei postar por aqui, pois estarei descansando num lugarzinho especialmente gostoso que espero encontrar perto de Ouro Preto. No mais, desejo a todos um ótimo fim de semana e tudodibom! Hasta pronto!

quarta-feira, julho 30, 2003

Aqui neste espaço, algum engraçadinho, teve acesso à minha conta e postou uma piada sem graça. Eu vou ser bem direto - seja l? quem for, SUMA DAQUI!

Enquanto isso, vou com o coelho rápido, rápido, rápido procurar abrigo contra as cartas do rei, torcendo os pêlos na espera do chá quente.

Eu ando e as minhas pegadas andam por mim
É o caminho que me escolhe
Eu ando e o caminho anda por mim
É a pegada que me escolhe
Eu desejo e o meu querer caminha por mim
É o caminho que me escolhe
Eu quero e o tempo deseja por mim
É o desejo que me escolhe
Eu amo e o tempo vigia por mim
É a amada que me escolhe
Eu insisto e o caminho anda por mim
É a porta que me escolhe
Eu chego e o querer entra por mim
É a vida que me acolhe.

segunda-feira, julho 28, 2003

Música é uma questão de momento, de um feeling no tempo certo. Estou escutando Feelin' The Same Way, Norah Jones, do album Come Away With Me. A paz, docura e leveza que essa música me dá hoje, ademais para o resto do CD (mp3), não é nem de longe o que achei há uns 10 dias atrás quando puxei as músicas. Em verdade vos digo, meus amigos, a música toca no ritmo de nossas luas.

Para registrar, a filial do limbo que é o meu quarto ganhou um novo hóspede chamado Aventuras de Alice no País das Maravilhas & Através do Espelho, ilustrações originais de John Tenniel, comentado por Martin Gardner. Por incrível que pareça, por mais que tenha assistido desenhos e filmes e lido meias-estórias, até hoje nunca tinha lido as aventuras da mocinha. Pois bem, este pecado será curado! Amém!

sábado, julho 26, 2003

Escrever um blog é coisa que toma tempo, se levamos a sério tal tarefa. Escrever dois blogs então é algo bem complicado. No entanto, eu senti que escrever aqui no Epifania seria muito limitante para mim. Acho que blogs deverão evoluir para pequenos jornais com colunas e seções. Ficaria mais satisfeito se assim fosse. Na verdade, eu dei vida ao epifania na tentativa de criar um espaço mais intimista, enquanto o finado Hiperfocus ficava na informação em geral. Confesso que fracassei. Aqui ficou mais para literatura e tão somente. O resultado disso é que existe um terceiro blog, solto, espalhado, bem gozado, sem autor, correndo pela net onde escrevo as minhas bobagens concretas. No mais...

Ps. 2008 - Eis que o seu sonho finalmente se tornou realidade. Hiperfocus Ressuscitou e agora forma uma grande revista junto com o Epifania! Nada como o futuro, my friend!

quinta-feira, julho 24, 2003

"O mais rico em plenitude de vida, o deus e homem dionisíaco, pode permitir-se não só a visão do terrível e discutível, mas mesmo o ato terrível e discutível, mas mesmo o ato terrível e todo luxo de destruição, decomposição, negação; nele o mau, sem sentido e feio parece como que permitido, em virtude de um excedente de forças geradoras, fertilizadoras, capaz de transformar todo o deserto em exuberante pomar."

Nietzsche, Gaia Ciência



Foto Gótico-Surreal-Viajante de Salonick

Bom, eu ontem organizei a nova casa no Hocus Pocus e hoje dei uns retoques aqui no Epifania. Acho que agora a coisa ficou de bom tamanho. Aqui será mais intimista, o outro mais genérico e informativo. No mais, é trabalhar e escrever coisas legais pois de inspiração não vive o homem.

terça-feira, julho 22, 2003

Antes que o dia se vá, gostaria de contar aos meus parcos, mas muito queridos leitores aqui do Epifania que acaba de nascer um novo blog. "Ora, um blog? Seria seu? Mas você mal da conta deste aqui..."...Huummm... tsc tsc tsc... respondo eu ! YEEAAHHH! Mais um blog meu, surgido das cinzas do velho Hiperfocus! Cheio de vida! Cheio da magia dos coelhos e das doninhas de Cartola! Seu nome!? Ladies and Gentleman! Welcome to know the new, the fabulous, the incredible fenix.......HOCUS POCUS!

segunda-feira, julho 21, 2003

Bom... Passados alguns dias bem brabos, é tempo de retornar. Não prometo... mas vou tentar escrever aqui todos os dias... E sinceramente espero que aqui ganhe uma vida nova e que o barco trilhe por belas e fortes correntes de todo o sentir. Hasta Pronto!

domingo, junho 29, 2003

A alegria para escrever aqui se foi. O outro blog foi deletado. A Camille está me cobrando o artigo para o Cápsula e eu nada tenho a dizer. A vontade se foi e por mais que eu saiba que isso é uma fase, minha alegria com este mundo dos blogs parece que se foi. Não leio mais como o fazia os tantos e tantos blogs e tantas e tantas pessoas legais (ou não) que acabei encontrando pela rede. Os comentários se foram e aqui mais parece um jazigo branco. E tudo o que não faço reflete a ausência em meu ser...

quinta-feira, junho 26, 2003

E eis que tudo muda no mundo dos blogs
Estava eu conversando com aquele ser curioso que desaparece de vez em quando deixando seu sorriso estampado no ar, o bichano da Alice, e falava assim para ele: Marx e Engels escreveram no Manifesto do Partido Comunista em 1844 que "tudo o que é sólido desmancha no ar". O gato com aquele ar sarcástico, no entanto com uma ponta de pena escondida, abriu ent?o seus braços para mim e disse em ar atencioso: "Bem vindo, Flávio. Bem vindo ao Mundo da Dissolvidão..." E assim como uma flor é desflorada a cada girada do redemoinho da pia, vou eu rumando no dissolver do ar. Amém.

terça-feira, junho 24, 2003

Este cara aqui é realmente sensacional - Kaj Stenval. Obsessivo com o pato donald, ele já fez 425 pinturas brincando com o bicho. E percebam - é muuito legal o trabalho dele. Vale a pena conferir. 



sexta-feira, junho 20, 2003

De uma boa indicação e da ânsia desatada fez-se a volúpia da compra e eis que aí está o livro - O Mundo como Idéia, de Bruno Tolentino. Estou lendo e até o momento, recomendo a todos.

"Cantar não deixa marcas no fugaz,
não molda o passageiro, não alcança
nem sequer os perímetros da dança,
o canto é apenas outro sopro a mais.
A mente quer sumir, fundir-se atrás
da sombra de uma chama, não se cansa
de fazer como faz uma criança
buscando se esconder sem ser capaz
senão de amontoar-se entre os lençóis...
Não vejo como alcance atravessar
o centro da fogueira e virar voz:
o grito que circunda de lugar
em lugar o real desfaz-se em nós
e o que alcança dizer some no ar."



quarta-feira, junho 18, 2003

Well, well, well... após um período enevoado, caminhando por caminhos vários nas terras do Eu Profundo e Outros Eus, eis que os comentários voltaram. Meu outro blog Hiperfocus se tornou uma cinza virtual e um outro novo surgiu, no entanto perdido ainda pela net. No mais, por enquanto, apenas anotar o endereço novo do Caderno Mágico do Dennis.

segunda-feira, junho 16, 2003

Abandonei o hábito de ler. Não leio mais nada exceto um ou outro jornal, literatura leve e ocasionalmente livros técnicos referentes a algum assunto que possa estar estudando e no qual o simples raciocínio possa ser insuficiente.
Quase que abandonei o tipo definido de literatura. Poderia lê-la para aprender ou por prazer. Mas nada tenho que aprender e o prazer que se pode colher de livros é de um tipo que se pode substituir com vantagem por aquele que o contacto com a natureza e a observação da vida podem diretamente proporcionar-me.
Encontro-me agora de plena posse das leis fundamentais da arte literária. Shakespeare não pode mais ensinar-me a ser sutil, nem Milton a ser completo. Meu intelecto atingiu uma flexibilidade e um alcance que me possibilitam assumir qualquer emoção que desejo e penetrar à vontade dentro de qualquer estado de espírito. Quanto àquilo por que lutar é sempre um esforço e uma angústia, a plenitude, nenhum livro pode servir absolutamente de ajuda.


Colhi estas palavras de notas pessoais de Fernando Pessoa, provavelmente escritas em 1910, as quais me lembram em alguma medida o Ecce Homo de Nietzsche. Não que exista lá alguma passagem semelhante, mas o que me lembra é a impressão formada pela leitura do texto. Um ego levado às alturas ou um reconhecimento seco e límpido de seu próprio poder? Ora, quando Pessoa escreveu essa passagem ele nem de longe era o Fernando Pessoa que veio a ser para a literatura ainda vivo, nem muito menos o clássico da literatura que temos hoje. Mas... entendamos... "ele sabia"... Suspeito pensar se todo clássico "sabe" de seu poder, mesmo ainda em latência e me questiono agora sobre a loucura e prepotência daqueles que também "se pensam ser"...

"Descobri que a leitura é uma espécie de sonho escravizador. Se devo sonhar, por que não sonhar os meus próprios sonhos? (...)", e assim se fecha a pergunta que não quer calar e que já se sabia respondida em cada volteio e festejo ao ego. Mas ele... pode.

quinta-feira, junho 12, 2003

Um dia, fim de tarde num estiramento de nuvens vermelhas, José Arcanjo dos Santos abre seus braços no alto da pedra. Seu gesto-espantalho é girado num encantamento proseado em si mesmo. "Nazinha, meu querer, do meio de ti o azulão voei, e por tua boca morreu. Deixo faca, foice e fel, derramo os braço por nosso senhor qui dipressa vem cum força e fé o nosso rumo já é dado. Que de mim reste o pó das colheita e o milho seja bom. Fico aqui, leite e mel querer, sozinho me vou ao pai todo poderoso agora e sempre." Arvoado, José Arcanjo assopra o ar, buscando um assovio sagrado. O rosto cor de terra erodida retorce a boca em gestos ossados enquanto os galhos vermelhos untam seus olhos de sangue em fundo amarelo. "Ôoohhh", diz a voz-vento de José, um rever-verbo ecoado. A mão estendida recebe agora o primeiro pássaro, tomando-o em ninho. Ao alto a revoada se achega num periricar inaudito. Dois, três, quinze, mil pássaros azuis arrevoam o céu num aniz bailado. Coração em pulso largo, José cantoria com eles ainda estátua. "Quizera bom meu rumo certim, esperar te vou buscar meu nim", mais um verso na ajuntação. O volteio mais largo no rumo da pedra agora é uma cruz em dobra voada por ninho. Círculo de vida em pruma espera, o Arcanjo ergue seu vôo, enevoado por asas e Santos, sobrenome José, agora é uma mão sem pássaro, que da asa agarrada em mãos, deixou a vida roubada se ir. Desce da pedra cagada de penas, volta a Nazinha, seu bem-querer, espirrar rapé pros azulão voá!

domingo, junho 08, 2003

[Listening to: Queen & David Bowie - Under Pressure.mp3 - David Bowie & Queen - Grosse Pointe Blank (04:01)]

Insanity laughs under pressure we're cracking
Can't we give ourselves one more chance?
Why can't we give love that one more chance?
Why can't we give love give love give love?
Give love give love give love give love give love?
Cause love's such an old fashioned word
And love dares you to care
For people on the edge of the night
And love dares you to change our way
Of caring about ourselves
This is our last dance
This is our last dance
This is ourselves under pressure
Under pressure pressure


E eis que há uma energia prestes a se tornar um vulcão. E eis que há um mundo virginal prestes a ser arrebatado por um poder nunca antes visto. Que tal sabor será provado por poucos, mas será forte e destemperado. E que tudo o que sobrar serão flores cheias de pólem incendiado. E nada então poderá dizer "eu vi", pois o sentir ocupará a visão de cada um e o coração será o palco dos olhos. E nada mais será tristeza, nada mais será o vazio olhar para mãos incapazes. A mão agarrará o mundo e o fará SEU.

quinta-feira, junho 05, 2003

[Listening to: Libertango (Astor Piazzolla) - Yo-Yo Ma - Soul of the Tango - The Music of Astor Piazzolla (03:10)]

terça-feira, junho 03, 2003

segunda-feira, junho 02, 2003

Ando conjugando verbos de morte
e tudo seria melhor
se o verbo fosse a noite
e meu leito o vazio do céu.

Em dia, no retorno a mim, vou
calar, não falar e não voar,
fazer de todo não, bem escrito,
um derradeiro sim.

Ando conjugando erros à sorte
e tudo seria melhor
se o vazio fosse o leito
e minha noite um verbo no céu.

sábado, maio 31, 2003

O galho de espinhos mordia
meus olhos de sal.
Nem a noite e nem o dia,
nem tua voz, melodia,
só uma dor ao final.

Me perco em estradas de sonhos,
em pedante grafia.
Sonho estranho
em meus olhos de sal...
Tanta lágrima exaurida
deixando etérea e rude
a pureza de uma vida em sol.

Nem a noite e a melodia
Nem tua voz, nascendo o dia
Só um olhar ao final.

domingo, maio 25, 2003

[Estou ouvindo: Por Una Cabeza - Various - Nostalgias (02:32)]

Me veio então a palavra na seguinte forma: "Difícil é sempre mais fácil dizer". Há algo trágico no tango sim, mas algo melancolicamente encantador, destes feitiços circulares que nos enebriam numa espécie de tristeza antiga, velha amiga de tempos. Tangos sempre me lembram que gosto de dançar e poetar. Tangos sempre me lembram de me entender como música no mundo, como trilha sonora que insiste em tocar numa vitrola velha. Tanta coisa a dizer e tanta vontade de ficar calado.
Pedro Chosnovsky, 45 anos, comerciante. Assinou os papéis, conferiu de novo cada palavra e teve apenas a dúvida se iria querer receber o boletim de novidades. As duas vias foram entregues à moça de sorriso rosáceo, que lhe entregou um comprovante. O salão estava cheio e as pessoas andavam preocupadas cada uma com seu norte. Imaginou se elas sabiam realmente que norte teriam. Olhou de novo para a moça, que novamente com um leve sorriso abaixou candidamente o rosto em reverência chinesa. Virou-se para a porta de vidro fumê, caminhou. Dezenove passos deveriam dar, mas a cada movimento de suas pernas, cada passo era mais difícil. Os dois primeiros foram de impulso, mas depois cada tentativa de levantar os pés do chão era como uma luta hercúlea. O ritmo do mundo continuava o mesmo. As pessoas andavam normalmente. Não o viam, ou melhor, não ligavam em ver. O esforço se traduzia em dor e suor. Seus músculos fibrilavam, se contorciam fazendo mãos e pés se espalmarem. Virou para trás de novo na tentativa de chamar a moça do balcão. Ela agora atendia uma senhora de sobretudo verde, não tendo olhos para o seu drama. Parou. Respiração ofegante, pulso descontrolado e uma sensação kafkaniana de não se entender. Lembrou-se de novo que deveria chegar ao norte e que a porta estava agora a apenas 3 passos. O ar de fora vinha em breves rajadas a cada pessoa que entrava e saía. Pegou um cigarro, mexeu nos bolsos à procura dos fósforos. Deu conta então que parado conseguia fazer as coisas, que estando parado nada lhe impedia de se movimentar. Os pés não saíam do chão, mas podia virar o tronco, abrir os braços e fazer o que quisesse. Tentou agarrar a primeira pessoa que passasse. Um rapaz foi o primeiro a lhe dizer:
- Pois não?
- Tire-me daqui, por favor. Eu não consigo mais andar!
- E por quê gostaria de andar?
- Ora, por quê? Isso é lá uma pergunta? Eu quero andar! Me tire daqui!
- E se eu lhe tirar daqui, o senhor voltará a andar?
A profusão de perguntas somada à perplexidade inesperada lhe fez terminar a conversa com um "obrigado, me desculpe". O rapaz se foi como os outros, deixando em Chosnovsky uma boca aberta a olhar para dentro. Ele tinha de chegar ainda às 6 para pegar um lugar vazio do outro lado da cidade. Incapaz, no entanto, de dar três passos por conta própria, se ajoelhou no ladrilho de mármore xadrez e se pôs a chorar. Imaginou que se pudesse esticar seu corpo até à fresta da porta, talvez tivesse uma chance. Tentou se ajeitar para o lado procurando o melhor ângulo e começou a se arrastar. seus braços eram entrecortados pelos pés das pessoas. Ao chegar à fresta da luz, sentiu a dor de um sapato a lhe esmagar o dedo. O sangue correra por dentro como flecha, trazendo uma onda inflamada de dor. Sentou-se. Desistiu de tudo e todos, fechou os olhos. Achou melhor deixar o tempo passar. Viu as horas, as pessoas, novamente as horas e não mais pessoas. A luz da porta se foi, trocada por uma lâmpada perdurada por horas. Depois o nada e mais ninguém. A moça do balcão também se fora. Rodeou um dia e por fim viu surgir de novo todo o ritmo, toda a folie da véspera. Volteou os olhos e lá estava ela, a moça de sorriso rosáceo agora lhe sacudia os braços. "O quê?", gritou.
- Seus sapatos, senhor!
- Heim? O quê?
- Seus sapatos! O senhor não vai desamarrá-los?

sexta-feira, maio 23, 2003

"O vinho é composto de humor líquido e luz"
Galileu Galilei

segunda-feira, maio 19, 2003

Enquanto alinhava os distorcidos fios da sombrancelha, lhe ocorreu a idéia de que seu dedo e mão estavam próximos de seus olhos. Dava para ver a luz embaçada entre os dedos e o anel que brilhava dourado, destacando-se no conjunto. O dedo médio e o indicador roçavam os fios como num cafuné desinteresado. Passou então a abrir os dedos e a fechar, cada um como se fosse um take de cinema. A brincadeira fazia ver as coisas diferentes e toda a velha conhecida prateleira de objetos agora era um mundo. Escalou livros, deslizou por lapiseiras, dançou no velho quadro, quase caindo pelas curvas da mesa. Pela porta da sala, inclinada agora em setenta graus, viu um fio correndo como rio pelo mapa carmim da parede. A parede dava para o corredor que dava para... lembrar do relógio rodopiando ponteiros a lhe esperar. De súbito lhe retornou a angústia de sempre, matizada agora com um apertar de olhos e contorcer da barriga. O tempo era dinheiro e o tempo naquela eternidade de novos olhares era nada. Rotulou tudo aquilo como inútil e se dispôs a contar quantos segundos perdera na sua existência. Tantas coisas poderia ter feito naquele momento imperfeito. De tudo lembrou do sol e suas vizinhas estrelas. Alpha Centauri, Sirius, Alpha, Teta, Gama... das estrelas passou ao infinito. Rodopiou a cadeira e se sentiu imerso no eterno, frágil como não podia deixar de ser. Sentiu então a inutilidade de tudo e o vazio de estar ali a roubar segundos de si mesmo. Segurou nas mãos o ordenado relógio, puxou 5 minutos do ponteiro para trás. Voltou para cadeira e ficou a imaginar um jeito de dizer a si mesmo que tudo o que de fato tinha sentido e de fato o agradava, não tinha utilidade neste mundo. Abençoadamente dormiu, lembrando por último que quando criança gabava-se sempre de dizer aos coleguinhas de sala que o infinito, por ter início, era sempre menor que o eterno.

domingo, maio 18, 2003

O livro de hoje é uma coletânea com os trabalhos de João Gilberto Noll, editada pela Companhia das Letras. Ela é composta por 'O cego e a dançarina', coletânea de 24 contos publicada em 1980 pela Civilização Brasileira, além de alguns outros contos publicados esparsamente e por 7 romances, sendo eles 'A fúria do corpo'(1981, Record), 'Bandoleiros' (1985, Nova Fronteira), 'Rastros do verão' (1986, L&PM), 'Hotel Atlântico' (1989, Rocco), 'O quieto animal da esquina' (1991, Rocco), 'Harmada' (1993, Companhia das Letras) e 'A céu aberto' (1996, Companhia das Letras). Eu conheci o Noll a partir do programa de entrevistas do Pedro Bial na Globo News. Ou melhor dizendo, eu ainda estou conhecendo o Noll... o que me leva a refletir sobre o tanto de clássicos que lemos, sem nos darmos o tempo de ler os que estão conquistando espaço e os que estão ainda por conquistar. Isso sem falar naqueles que se encontram num tal lugar enaltecido pelo acaso farto de horas, pessoas e lugares certos em momentos "certos?". Hoje eu li um poema no Suplemento Literário da Imprensa Oficial. Estava na primeira página e era uma frase apenas estruturada em linhas como um poema. Era um frase, mas estava vestida de poema. A frase era até legal, mas não era um poema. Alguém certamente, além do autor, pensou diferente de mim e o colocou lá na primeira página. Uma vez, conversando com o saudoso historiador Francisco Iglésias, poucos anos antes de sua morte, recebi a seguinte pérola: "eu ainda não terminei de ler Proust, devo eu perder meu tempo com Sangue de Coca Cola?" Não vou me enrolar neste debate sobre sexo de anjos, pois na verdade o que eu acho é que devemos encontrar algum ponto de esquilíbro, mesmo que errático, mesmo que em mutação, na leitura nossa de cada dia [nos dai hoje]. Anyways...

Estou lendo no momento o romance Hotel Atlântico da coletânea, do qual eu tiro este pequeno trecho:

"Eu ia andando pela rua com os olhos postos em frente, fixos. Ouvia de vez em quando um 'Deus seja Louvado', um cumprimento, não pude deixar de perceber o aceno tímido de uma garotinha. A nada eu respondia. Eu era uma figura desconhecida com o seu bordão, ninguém chegava muito perto. Para alguns talvez eu fosse um homem em constante contato com esferas sagradas, eu não via o mundo visível."


sexta-feira, maio 16, 2003

E a fortuna conspirada com as nuvens, num arrozoado saber matutino, uniu o magro rapaz chamado Egoísmo à velha e gorda Comodidade como se fosse então um casório de fim de tarde, destes de vila escondida. Os dedos entrelaçados se amainavam um ao outro, segurando a vontade da cama vindoura. Não saíram do quarto, é certo. Ele, paixão pra dentro e olhos nos pés, sorriu como a decretrar novos planos secretos. Ela, amaciado saber, acariciava os cabelos do moço. O esquálido coração se deitou no flácido seio da amada. Barriga aberta e umbigo exposto, Comodidade recebia carinhos em círculos e regorgitava mesas e camas passadas num relembrar de prazer. As peles eriçadas copulavam como ondas. A velha moça, por cordial relutância ao início, abrira suas pernas à lascívia inquieta daquele que era um só querer. Um único toque de cordas vermelhas dedilhava notas sem pudor a cada beijo. O Egoísmo penetrava fundo na aberta Comodidade que a cada investida se dizia sua. E mais, e por tanto o mais ao querido gemer, ao tempo de desmaiar gritara amor. A tarde ia longe e era tarde já o horizonte dos desejos a fazer. Da cantada união, rugiu um filho, em inesperado susto, cujo gritar era uma vazia e inaudita dor. A janela se abriu, um rapaz qualquer, uma moça qualquer se voltam para a rua. E por tudo, olhando o vento e os passos, viram o dia e a morta paixão dentro de si. O rapaz desenhou um círculo na janela enquanto pegava o telefone com a outra mão. A mulher, pés descalços, lambeu a página do livro de si mesma e comprou flores. E a fortuna conspirada com as nuvens, num arrozoado saber vespertino, uniu o magro rapaz chamado rapaz à florida moça chamada moça, como se fosse então um casório de fim de tarde, destes de vila escondida.

quarta-feira, maio 14, 2003

Notas do dia - quero apresentar a todos o novo blog da minha amiga Camille Bleue, o "A Moveable Feast". A Camille abandonou o Sem Bússola e agora encontrou um novo rumo na sua Paris Virtual. Um outro blog que está nascendo é o da Andrea Mariz, que também abandou seu antigo blog Aldeia dos Ventos e agora está com o "Hóspede do Tempo " em parceira com o Léo de Morais. Os amigos estão com vontade de renovar e isso é muito bom. Sugiro a todos uma visita aos dois novos blogs. Quanto à mim, a novidade é que agora faço parte da equipe de colunistas do e-zine Cápsula. No próximo domingo, dia 25 de maio, sairá a edição tendo o meu primeiro texto como colunista permanente. Não deixem de assinar o e-zine. Ele não funciona como uma página web, mas como e-mail. Por isso, é necessária a assinatura. Aos meus leitores, mais uma caminho agora - Cápsula.

Nas minhas mãos, As Fábulas de Esopo, texto bilíngue, traduzido por Manuel Aveleza. Para quem gosta das coisas que escrevo, muita coisa vai surgir no Epifania a partir deste livro do frígio Esopo. Aguardem.

Huumm... por falar no fabulista, neste mês ainda vou ao Esopo aqui em Belo Horizonte. Para quem não é da cidade, o Esopo é um restaurante com uma característica muito especial, pois se trata de uma Taberna dos Tempos, um lugar onde podemos encontrar ciganas, caveleiros medievais, reis, bobos da corte, etc. Há uns 15 anos atrás eu já era frequentador do Esopo, localizado na época em um condomínio fechado aqui perto. Era um época muito boa, pois ficávamos lá, na casa do dono, o pintor Ricardo Wagner até o nascer do sol, num ambiente de imersão e fantasia. Alguns anos depois, a casa se mudou para a parte central da cidade e perdeu um pouco do quê de mundo isolado e perdido que possuía. No entanto, para quem não conhece e mesmo para mim que o conheceu nos seus primeiros tempos, o Esopo ainda é um ótimo lugar para comer, beber e se deleitar com as atrações. Ótima dica para quem vier de visita a BH.

segunda-feira, maio 12, 2003

E no terceiro dia de outubro ao norte da cidade de Hersell, foram orar pela morte da palavra. Ao chegar ali, uma virgem, uma prostituta e uma ocupada de pés calçados eram vistas em mármore negro se tocando pelas folhas. A virgem era chamada Helena e morrera ajoelhada pelo frio da espera. A prostituta, cujo nome era Bela, tornada velha empregada, de braços fechados lançou-se num amanhecer. A terceira cujo nome sempre se soube, vivera na boca e na memória de apenas um em Hersell. Cada uma teve seu tempo e glória, carregadas por esperanças, amanheceres e bocas. Na hora, quando todos voltavam os ombros ao horizonte. um ponto cristalino se joga do céu formando o caminho de lágrima nos olhos de Helena. Em bailado marchar, um jornal tocado ao vento vai em cuidado ocupar as vergonhas da moça de calçado pé. Deitada olhando para Deus, virada para o povo de Hersell a última boca de mármore sorri. E da oração pela trina morte fez-se um verso de estertor, partido em quatro linhas de querer, feito poema de criança, ressussitado porvir. As pessoas se foram, as estátuas também.

sábado, maio 10, 2003

Só para anotar o momento - eu estressei com este computador. Uma semana tentando lidar com virus e trojans, instalar, reinstalar, corrigir bugs, registros, formatar, reinstalar, consertar, refazer, reestruturar, perder tempo, perder horas e horas e um tempo sagrado que poderia estar aqui marcado por um verso, um reverso ou um bater de tambor na cabeça de um sonso. Mais tarde eu voltarei, dessa vez para ficar por mais tempo.

domingo, maio 04, 2003

Passei o final de semana todo apanhando e passando raiva com computador. Normal. Faço parte deste universo sado-masoquista há 20 anos. Mas essa foi daquelas vezes em que perdi a paciência, estressei, torrei o saco. Para finalizar, o Atlético perdeu a segunda partida seguida no brasileiro. O computador onde estou vem tendo problemas no gerenciamento de memória, dentre outros bugs. Para fazer as coisas que fiz, tive que dar pelo menos, sendo bem pessimista, uns 50 boots. E lá se vai o tempo para pensar, escrever, produzir, prosear e até mesmo não-fazer. Hoje fiquei pensando na eternidade do dia que passei tentando resolver coisas neste micro. Coisa normal, banal e um pensamento até utilitarista, poderia imaginar. Mas foi na verdade mais um insight de que... a vida poderia ser de outro jeito.

Preciso encontrar uma identidade para o HIPERFOCUS.

Ontem, no sábado, fui fazer das coisas boas e gostosas que há muito não fazia, ou seja, passear nas livrarias da Savassi pela manhã, quer dizer, pela hora do almoço. Comprei duas belezinhas por um ótimo preço. São elas Faróis, edição fac-similar do Cruz e Souza e o Selected Poems do John Keats, editado pela Gramercy. E agora eu vou postar logo, pois de tanto travar, meu micro agora vive no universo marxiano onde tudo que é sólido desmancha no ar. Hasta Pronto!

quarta-feira, abril 30, 2003

A copa da árvore compunha a parte das minhas membranas entremeadas por um sol reticulado de nuvens. Cerrei os olhos em busca da sombra dos meus causos. Respiração e olhar se inspiraram num tragar de lembranças voltadas para o chão. Levantei-me e olhei de volta o raiar púrpuro da tarde que se despedia. A vida continua seu ritmo ininterrupto de cores, enquanto as lembranças tinham gosto de sépia. Olhei a curvatura brilhante da fruta nas minhas mãos e dela se desfez em pedaços agora rasgados por meus dentes. A boca rumina pedaços de idéias a cada volta. Você está lá entremeada por desejos, tijolos, gramados e sorrisos. E tudo então se volta como ritmo cadenciado pelo movimento de cada parte da face. E cada parte é dor lembrança e pétala jogada. Ao fundo, o barulho das folhas revoadas se encapotando pra noite, ao dentro Renato canta uma mistura de Legião e versos meus. Os dedos se tocam como se quisessem tirar do outro um roteiro de trabalho. A mesa está posta num xadrez e prato só. Volteio de novo o corpo e o horizonte lá me espera a interrogar sobre o dia. Como a prestar contas, os braços e mãos espalmadas a altura do queixo se entregam à disposição de um tempo que se abre, negando a traição pelo que se foi. Eu me desfiz do dia, confessei. Me refiz à tarde, e à noite, beijo seu, me molhar de vida é o que peço.

Voltei ao quarto das luzes acesas, rezei três palavras com a língua e lábios se fechando. Cada minuto se eterniza numa ópera bufa incansável por não se terminar. De me cansar das horas internas fui contar os ponteiros da lua nascente. Imaginei arte pop de um The Cure misturado a Pumpkins desenhando babados e bocas vermelhas no amanteigado seio do céu. E me imaginava em assombro por haver tudo ali. E por estar tudo ali, a caixa de lembranças carregadas no pulsar dos meus ossos e a caixa de esperanças de um céu desenhado por música. Me entendi como céu, me vi como tinta pintada no céu daqueles que perdi. As cores rosnavam como feras, deslizavam como anjos e inchavam em orgasmo. Abri os olhos e o azul negro agora era tudo. A primeira estrela aparece, mais uma e outra mais. Um carro passa logo abaixo na estrada. Olho para a mesa, volto a comer. Garfos e facas retrançam uma velha ladainha cantada por velhas a me ensinar sobre sacos que ficavam em pé. Uma mão toca meu ombro, minha pele instilada por cheiros a pressentir. Está na hora, Carla Maria, me diz a voz. A porta se fecha e fico a contar nas linhas da mão se a sexta hora da lua já havia apontado nos olhos dela, naqueles que um dia me visitaram como boca de pintada lua. Fechei os olhos e o púrpuro raiar agora é tudo.

domingo, abril 27, 2003

a) Deus pode estar num nível ético-moral inferior ao alcançado pelo homem? Não, no sentido de o concebermos como um ser perfeito; b) Em não sendo perfeito, pode-se chamar Deus de Deus? c) Conceber a ação agressiva "santa", quer pela via humana ou "divina", sob a égide religiosa da ação purificadora, como um mistério ignorado pela ação imperscrutável da vontade de Deus não é justificar a ação do homem e do acaso sob o manto de uma vontade superior a qual não temos acesso à sua eticidade? d) Pode-se demonstrar logicamente que o respeito ao "outro" não seja um valor universal a ser perseguido no sentido de aumentar a compreensão, a partilha e a não-violência entre os homens?

Mais um pouco de paciência e vou me dedicar a uma dessas. Como você, amigo leitor, pode ver, "baixou" um espírito adolescente nessas linhas, destes de começo de faculdade. O que não deixa de ser bom, devido à pujança da energia. A questão é saber bem utilizar a tal energia, de uma forma "menos chata" e "menos utilitária" de preferência. Afinal, este é um blog "diário de um saramago", com a sua devida autocrítica.

quinta-feira, abril 24, 2003

Escutando neste momento uma pérola do cancioneiro popular brasileiro "A vida tem dessas coisas", cantada por Ritchie... peguei agora no Kazaa junto com outras pérolas. Tem uns barulhinhos daqueles sintetizadores dos anos 80 que são impagáveis! Tchin Tchun Tan Naaan - hehehe - muito bom! Acabei descobrindo que Menina Veneno já completou 20 anos e se encaminha para os 21 em junho próximo. E me lembrei justamente de um momento na fazenda de um tio meu, 20 anos atrás, que vivia escutando essa música... Coisas de Dinossauros da Elói Mendes... Não que eu estivesse na Elói, mas eles certamente escutavam as meninas venenos com os sintetizadores, "um abajour cor de carne" e tudo mais. Me lembro de em 96 ir ao um Show do retorno da Blitz aqui no antigo estádio do Minas Tênis Clube... eu acho que era o mais velho no lugar, rodeado por uma horda enorme de adolescentes e ficava lá pensando que aqueles meninos nem faziam idéia do que era a Blitz... mas enfim... Não sei se é o caso da trupe de Evandro Mesquita e Cia., mas há um percurso nessas bandas dos anos 80 que eu creio que passa por 3 estágios diferentes - o auge com centenas de milhares de "LP's" vendidos, um momento de decadência e transmutação para brega e por fim o retorno como cult. Mas isso só acontece com os que param no meio do caminho. E eu, que não tinha nada para escrever hoje, acabei falando sobre o Ritchie... Estou baixando "Pelo Interfone" agora.
:-)

segunda-feira, abril 21, 2003

Estou trabalhando para fazer uma home page e um perfil com alguns dados sobre mim. Certamente não será muito convencional, mas enquanto isso não sai, se alguém tiver curiosidade, vou deixar aqui uma foto minha. Afinal, pensando com os meus botões, quem me lê não tem muito idéia sobre a pessoa que escreve do outro lado da tela. Pois bem, o cara da foto sou eu.

Eu havia comentado sobre dois livros que estou lendo na última quinta-feira. Há ainda um terceiro, para não falar de uns outros, o qual merece ser mencionado. Trata-se do Evangelho Segundo Jesus Cristo, escrito pelo José Saramago. Delicioso de se ler.

Formando um quadrado, quatro banheiros de laje antiga branca, portas de madeira dessas que não chegam até o chão e uma descarga para ser puxada. E quando a usávamos, algo bem diferente acontecia pois de banheiro aquele quadro não tinha nada e era de fato um elevador. Subíamos uns 8 andares naquele prédio dos anos 40. Ao chegar, logo uma cortina de veludo azul nos recepcionava. Dava para escutar a música transpassando o pano de cortina e logo já se viam as pessoas junto à entrada. Era uma mistura de bordel com clube de dança. "Olá Flávio, entra, entra, pega uma cadeira...", uma mulher me recepcionava. E ficava ali a ver as coisas acontecerem. Poucos dançavam, mas havia muita conversa - intrigas, futricas, jogos de corpo e imagem pelo salão. Ao fundo, havia sim dessa vez um banheiro de verdade onde as tais intrigas e negociações continuavam seu ritmo. Me lembro de ser um frequentador semanal deste lugar, me lembro de ser conhecido por uma boa parte das pessoas mas me lembro também de ter sempre a sensação que eu era um estranho e que precisava ainda me apresentar a quem ali estava. Gente do colégio, do grupo de jovens, dos amigos das noitadas e gente nova que conhecia os meus amigos e não a mim...ah havia os meus primos também. Em meio a isso tudo uma doença começa a tomar meu corpo. Vou ficando cada vez mais fraco entre idas ao médico, retorno ao clube e visitas ao hospital. Eu não sei do que se trata, mas sinto que é algo que me enfraquece pelas entranhas. Vejo os olhos de tristeza e de esperança das pessoas, olhos dos que sabem o olhos de interesse daqueles que não sabem.

Num determinado dia, em visita ao médico, vi um auxiliar dele entrar com um aparelho estranho parecendo uma régua com uma curvatura abaixo. Me abrem a boca com o tal aparelho e observam lá dentro. Sou levado ao hospital, que era logo ao lado. Lembro que isso era já previsto - a tristeza das pessoas no clube, cada uma no seu canto e jeito, me dizendo palavras e me oferecendo o ombro numa mistura de carinho e espantamento. Lembro-me da palavra "novocaína" e um sujeito que reagia a ela, ficando "doido" querendo pular do caminhão onde imaginava estar. A sensação de ser cortado e de me ver marcado ao longo de possíveis outras cirurgias pela vida e de sempre querer voltar para casa há poucos quarteirões e sempre me ver impedido. Eu senti tudo acontecer apesar de não ver. Ainda enfaixado, de terno marrom e chapéu na cabeça vou me aprontando como um velho aposentado. A dor é daquelas que na verdade são de um "não se encaixar" no corpo. Me apronto todo e agora estou lá novamente abrindo a portinha do banheiro de baixo. Subo, abro a cortina, entro no salão. Poucos me reconhecem, me vêem como um velho ao longe. Me lembro de três mulheres num grupo afirmarem - "mas... mas parece um velho!" e consternadas abaixarem a cabeça. Me encho de raiva e mesmo sentindo as faixas apertarem a região da cirurgia, corro e deslizo pelo salão. Levanto o chapéu e como se uma nuvem sumisse da visão das pessoas, retomo minha imagem original jovem e cheia de vida. A alegria retoma. Nos braços, tomo uma daquelas três mulheres para dançar o bolero da vez... e escuto ao fundo, no banheiro de cima, a velha quermece das intrigas de sempre... mas vá lá... acordei... este foi o meu sonho da madrugada.

sábado, abril 19, 2003



Isso aqui é literal e visceralmente uma Epifania emanada por Deus, captada pela fotógrafa Diana Blok. Hoje eu tinha planos de escrever algo por aqui, mas acabei me maravilhando com as coleções dos fotógrafos do site Zone Zero - Fascinante!

Vamos escrevendo para dentro da cabeça os momentos ditados pela vontade de não-dizer e somente guardar. E as linhas vão ganhando ares de papel rasgado embrulhado no nosso querer. Corre nas lembranças um ar desolado a procura das palavras não queimadas pela língua. Mais um tempo e serão quimera e pó.

Fiquei encantado com as coisas que vi numa reportagem sobre este lugar que ainda não existe virtualmente - Instituto Ricardo Brennand. Quando eu voltar a Recife, sem a menor dúvida irei lá visitar as coleções históricas e artísticas deste lugar. Para quem quiser ter uma idéia do que se trata, pode dar uma conferida nas fotos dessa menina aqui.

sexta-feira, abril 18, 2003

Achar a letra é muito fácil, basta procurar no google. No entanto, me deu vontade de postar a música "Velha Infância" do cd dos Tribalistas. Certamente eles acertaram em tudo - a música é deliciosa de escutar, a letra simples muito bem interpretada pela Marisa e o Antunes formando um quê real de um tempo perdido e gostoso que não está nem no passado e nem no futuro, mas que habita um acalanto gostoso de sonho. Simples com toque de genialidade - é assim que as coisas boas realmente são. Pois que seja - simples e belo!




Velha Infância
Arnaldo Antunes, Marisa Monte, Carlinhos Brown, Pedro Baby E Davi Moraes

Você é assim
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo

Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito

Eu gosto de você
Eu gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo é o meu amor

Da gente cantar
Da gente dançar
E a gente não se cansa

De ser criança
Da gente brincar
Da nossa velha infância

Seus olhos meu clarão
Me guiam dentro da escuridão
Seus pés me abrem o caminho
Eu sigo e nunca me sinto só

Você é assim
Um sonho pra mim
Quero te encher de beijos

Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito

Eu gosto de você
E gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo é o meu amor

E a gente cantar
E a gente dançar
E a gente não se cansa

De ser criança
Da gente brincar
Da nossa velha infância.

quinta-feira, abril 17, 2003

Resolvi dar uma melhorada nas coisas por aqui no Epifania. Como boa formiguinha, vamos aos poucos montando o formigueiro. Eu tenho a sensação que aqui é ainda um blog em gestação, em processo de se tornar alguma coisa. Comecei hoje mudando o banner pois o antigo estava me irritando. No mais, quero citar o blog Epifanias [este no plural] elaborado pela Anah Sampaio aqui de Belo Horizonte. Um outro blog muito bom elaborado pela Anah é o Imageria. Façam uma visita a ela! ;-)

Sobre livros - no Hiperfocus, nunca cheguei a mencionar direito as coisas que estava lendo. Aliás, além de falar muito pouco sobre estes detalhes, cheguei à conclusão que falei muito pouco sobre mim no geral, de tal forma que eu sinceramente não faço idéia do que as pessoas que me leem pensam sobre o que eu faço na vida real. Professor de economia combina com blogs? Pois bem - é isso o que faço no mundo das realidades, concreticidades e etc e tal. Mas ainda pretendo falar mais sobre essas coisas pela frente. Quanto aos livros, estes são os dois que comprei nessa semana: "Entre o Passado e o Futuro" da Hannah Arendt e "As Encruzilhadas do Labirinto 4" do Cornelius Castoriadis, o qual tem um subtítulo bem interessante para exemplificar os tempos atuais de guerra que é - a ascensão da insignificância.

terça-feira, abril 15, 2003

Acabei de ver este video do MOBY na MTV - ele é muito bom - melancólico - bonito - melancólico - mas bonito. Não vou muito falar sobre a estória do video, pois espero que vocês acabem vendo (os que ainda não viram). A imagem abaixo reproduz um pouco da idéia. É como se fosse esse bichinho frágil e bem intencionado (que cada um tem dentro de si neste universo de tantos bichos estranhos que cultivamos) com cartazes, olhos esperançosos em busca de... algo mais que reticências, num mundo renitente em nos ver e sentir.



Moby - In This World

Lordy don't leave me / All by myself // Good time's the devil / I'm a force of heaven // Lordy don't leave me /All by myself // So many time's I'm down / Down down // With the ground // Lordy don't leave me / All by myself // Whoa, in this world // Lordy don't leave me All by myself

quinta-feira, abril 10, 2003


Bons tempos estes!!! Saudades dos meus 6, 7 anos

quarta-feira, abril 02, 2003

Há momentos nos quais eu penso estar lutando contra moinhos de vento. Todo mundo, vez por outra, passa por isso. Mas por mais que o consolo do partilhar da perplexidade frente à dureza e à mediocridade de certas coisas possa oferecer algum alívio anestesiante, não me impede de sentir a dor mais profunda deste nonsense. E o moinho vira dragão que vira moinho que vira dragão que me vira a cabeça pra baixo enquanto a nave caminha.

segunda-feira, março 31, 2003

E o GALO venceu o Corinthians por 3X0 no Pacaembu, com penalty não marcado e outro perdido! Bom começo! Geralmente é assim. Quero ver é o final!

domingo, março 30, 2003

EPIFANIA - "Epifania" (isto é, "aparição") é um conceito central na teologia bíblica e que mostra somente algumas coincidências exteriores com fenômenos semelhantes do mundo pagão ambiente. Por "epifania", se entende a irrupção de Deus no mundo, que se verifica diante dos olhos dos homens, em formas humanas ou não humanas, com características naturais ou misteriosas, que se manifestam repentinamente e desaparece repentinamente. Os termos para designar esses fenômenos são teofania no Antigo Testamento e epifania no Novo Testamento. [...] Em princípio, a epifania se verifica unicamente em pontos decisivos da história da humanidade. Por isso não existem revelações privadas, mas as aparições a indivíduos sempre têm relação com a comunidade. [...] (Dicionário de Teologia Bíblica - Bauer)

Todo mundo deveria escutar Somewhere Over the Rainbow, cantado por Israel Kamakawiwo'ole quando está triste, alegre ou mesmo quando a garra vazia do nada pousar no ombro. É nessas ocasiões que eu sinto que a arte nos redime, purifica e salva. A arte é a porta para conversar com Deus.
Escondida, por trás dos ponteiros do relógio, uma velha senhora nos conta para trás, torcendo os dedos no terço de nossos desejos.
"Quem não lê, não escreve." Certamente este é o começo de tudo, a base para um escritor, mas às vezes também há na trajetória solitária deste ser uma necessidade de não-leitura, uma necessidade de entrar numa certa virgindade literária para daí, do nada, poder criar. Impossível, certamente, pois cada autor que lemos marca com faca, machado ou parafuso uma parte de nosso interior. No entanto, como eu vi num seriado classe B ontem, estamos neste mundo, antes de tudo, para tentar. No meu caso, há uma vontade de me ler de novo, de ler os sentidos que escrevi, de revisitar uma galáxia perdida em que as coisas faziam sentido. Quero resgatar a virgindade de me alegrar com as coisas que ascendiam os olhos na minha solidão de construtor de mundos. Em bom termo, reencontrar um sentido gostoso nas coisas que o tempo transformou em coisas, apenas.

sábado, março 29, 2003

Estou cansado. Cansado, cansado, cansado. Este negócio de mexer com templates é um porre. A gente muda uma coisinha e de repente aparece um bug inesperado, tipo este A maluco que apareceu agora em cima dos posts.

Bem - essa aqui é a minha nova casa agora. Um canto, recanto íntimo onde convido os amigos para uma boa prosa, partilhando das minhas maluquices diárias. Vou ver se transformo agora as poucas linhas do livro em um arquivo pdf para postar aqui. Bem, por enquanto é só. Hasta pronto!

PS. Não posso deixar de comentar - acabei de ver e escutar uma cantora belíssima na reapresentação do programa do Jô Soares. Seu nome? Denise Reis, que por sinal é mineira, me encantos e encantou a todos no programa. Sua voz, deliciosa, foi como uma almofada para meu o ouvido, me conduzindo a um lugar de gostosa e aveludada calma. E ela se apresentando aqui em BH e eu nada de saber de nada! Pecado mortal, que preciso resolver o mais urgente possível. Confiram Denise Reis, meus amigos!

Por fim, aqui está a versão de EPIFANIA em arquivo pdf.

quarta-feira, fevereiro 26, 2003

Este é o canto para quem quiser me ler ao som das músicas que me tocam e divertem. A trilha sonora deste blog é esta! Pegue um bom banco e vamos prosear ao som destas canções — que de em tudo temos um pouco - salpicadas pela madrugada.

Para ver os videos, comece com o bom e velho PLAY. Para visualizar os demais, passe o mouse de leve por sobre o video. Quando a lista chegar ao fim, aperte a SETA para ver mais! Se os videos estiverem travando, instale o programa Speedbit Video Accelerator!

terça-feira, fevereiro 25, 2003

Resolvi mudar as coisas por aqui. Epifania ficou parado por tempos e tempos, desde que se mudou para cá. É tempo de trilhar por outros caminhos. Acabei percebendo que um blog não é decididamente o melhor espaço para a publicação de um texto longo. Sendo assim, resolvi publicar EPIFANIA em um arquivo PDF. Aqui continuará a ser o ponto de partida para a leitura do romance, mas ele será apresentado nessa nova formatação. Além disso, vou dedicar este blog unicamente à literatura. Vou colocar links para blogs que só tratam deste assunto e finalmente dar uma identidade a este espaço. Assim seja!

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