A volta do boêmio
quarta-feira, março 15, 2006
sexta-feira, novembro 11, 2005
By Flávio Souza on sexta-feira, novembro 11, 2005
Este blog se encontra no sétimo dia da Criação.
Posted in Divagações comigo e o vento | No comments
quarta-feira, outubro 26, 2005
By Flávio Souza on quarta-feira, outubro 26, 2005
Gostaria de convidar a todos para conhecer o recém criado blog de meu amigo Domenico. Prudence, meus amigos! Prudence.
Posted in Blogs (dicas e indicações) | No comments
segunda-feira, setembro 19, 2005
By Flávio Souza on segunda-feira, setembro 19, 2005
Há dias em que mordemos a borboleta com os lábios. Delicadamente. Um pedacinho apenas, pernas mexendo, corpo vivo. Há dias, e este é um deles, em que apanhamos com o lábio a delicadeza das coisas. Há dias em que a vitrola toca e compomos letras de nós mesmos. Reinventamos, mal fazemos, nos jogamos. Há dias, e este é um deles, em que aperto o vento com as mãos. Reverencio, me curvo, me alegro. Solfejo músicas de bem querer. Sorrio. Há dias em que a borboleta se esconde, bem guardada ao lado da língua. Há dias, e este é um deles, em que as asas se abrem, a cor se veste nas roupas. Subo a rua que descia, desço a rua que subia. Abro o realejo dos causos, toco a valsa dos dentes. Há dias, e este é um deles, em que me visto com as cartas mágicas da adivinhação. A música é rebelde, a borboleta voa, a vitrola toca, o dia é meu.
Foto: Nostromo Images.
Foto: Nostromo Images.
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By Flávio Souza on segunda-feira, setembro 19, 2005
No andar dos ponteiros
"Enquanto eu sei, das horas que passei, me perdi da vida." disse. "Nas horas, tempos, relógios e maldições mecânicas me joguei" pensou. "Os amigos, não vejo! Quem sabe o Carlos, ah é mesmo, vou visitar..." Mas a mão esmaecida em fraqueza pousava sobre o ventre. Os olhos eram cirrus cumulus, cerrados, mínimos. Pensou não ter a disciplina necessária. Sabia-o, na verdade, não ter. Voltou-se para o pulso e já ali podia medir o influxo respiratório. "Eu podia conversar com ele", pensou alto. Mas a conversa tornara-se magra. Sopa de letras artificiais, carícia sem mágoa. "Eu fui ontem ao shopping!", disse. "Chegou a nossa hora.", escutou. "Te espero na próxima, ok?!" "Semana que vem", respondeu. "Semana, que nunca!", decidiu. Lembrou-se do beijo que este homem lhe dera, ano passado. Não pelo beijo, mas pelo ritual inesperado. Teceram-lhe folhas de esperança, contaram verdades, poucas. O sapato escolhe a escada, passa um rosto, uma jovem. Queria contar para Ana sobre tudo aquilo, o pensado. Cansara-se das palavras da boca, queria-as ditas nos olhos. Abriu a porta, olhou o céu, contou os passos. A rua estava em sol, mas sua alma chovia. Sete gotas de dor, onze gotas de mágoa. Mas as cílios, aqueles do olhar, abortavam o rio. Sorri, um leve repuxar para o lado torto. E sentiu ser destes mistérios sem lógica, o momento da hora. Revolveu sobre a genial criação do esquecimento. Sentiu ainda mais fortes as lembranças. O cílio molhado. Pede um copo d'água. Delicadamente dissolve um óleo para as horas. "Lá pelas oito estarei bem."
Uma criança sorri, corre, abraça-lhe a perna. O olhar abaixo, o sorriso dela. O olhar acima, o céu. "Senhor, obrigado!" O choro, o riso, agora é tudo. Soluços fartos, a cara boa. Sentiu de tal forma um clarão, um insight da tarde: "as horas, Ana... as horas são capazes de saltar..."
"Enquanto eu sei, das horas que passei, me perdi da vida." disse. "Nas horas, tempos, relógios e maldições mecânicas me joguei" pensou. "Os amigos, não vejo! Quem sabe o Carlos, ah é mesmo, vou visitar..." Mas a mão esmaecida em fraqueza pousava sobre o ventre. Os olhos eram cirrus cumulus, cerrados, mínimos. Pensou não ter a disciplina necessária. Sabia-o, na verdade, não ter. Voltou-se para o pulso e já ali podia medir o influxo respiratório. "Eu podia conversar com ele", pensou alto. Mas a conversa tornara-se magra. Sopa de letras artificiais, carícia sem mágoa. "Eu fui ontem ao shopping!", disse. "Chegou a nossa hora.", escutou. "Te espero na próxima, ok?!" "Semana que vem", respondeu. "Semana, que nunca!", decidiu. Lembrou-se do beijo que este homem lhe dera, ano passado. Não pelo beijo, mas pelo ritual inesperado. Teceram-lhe folhas de esperança, contaram verdades, poucas. O sapato escolhe a escada, passa um rosto, uma jovem. Queria contar para Ana sobre tudo aquilo, o pensado. Cansara-se das palavras da boca, queria-as ditas nos olhos. Abriu a porta, olhou o céu, contou os passos. A rua estava em sol, mas sua alma chovia. Sete gotas de dor, onze gotas de mágoa. Mas as cílios, aqueles do olhar, abortavam o rio. Sorri, um leve repuxar para o lado torto. E sentiu ser destes mistérios sem lógica, o momento da hora. Revolveu sobre a genial criação do esquecimento. Sentiu ainda mais fortes as lembranças. O cílio molhado. Pede um copo d'água. Delicadamente dissolve um óleo para as horas. "Lá pelas oito estarei bem."
Uma criança sorri, corre, abraça-lhe a perna. O olhar abaixo, o sorriso dela. O olhar acima, o céu. "Senhor, obrigado!" O choro, o riso, agora é tudo. Soluços fartos, a cara boa. Sentiu de tal forma um clarão, um insight da tarde: "as horas, Ana... as horas são capazes de saltar..."
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