★ Flávio Souza Cruz ★

segunda-feira, setembro 19, 2005

Há dias em que mordemos a borboleta com os lábios. Delicadamente. Um pedacinho apenas, pernas mexendo, corpo vivo. Há dias, e este é um deles, em que apanhamos com o lábio a delicadeza das coisas. Há dias em que a vitrola toca e compomos letras de nós mesmos. Reinventamos, mal fazemos, nos jogamos. Há dias, e este é um deles, em que aperto o vento com as mãos. Reverencio, me curvo, me alegro. Solfejo músicas de bem querer. Sorrio. Há dias em que a borboleta se esconde, bem guardada ao lado da língua. Há dias, e este é um deles, em que as asas se abrem, a cor se veste nas roupas. Subo a rua que descia, desço a rua que subia. Abro o realejo dos causos, toco a valsa dos dentes. Há dias, e este é um deles, em que me visto com as cartas mágicas da adivinhação. A música é rebelde, a borboleta voa, a vitrola toca, o dia é meu.

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