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domingo, abril 10, 2011







Esopo. Esta é uma casa de sonhos que conduz a muitas e belas recordações. A primeira vez que a visitei foi há exatos 23 anos atrás. A primeira versão ficava no condomínio Ville de Montaigne, ainda na própria residência do dono, artista e castelão Ricardo Wagner. Era um ambiente secreto, desconhecido para a maioria das pessoas e as reservas para sexta e sábado se esgotavam já às 9 horas da manhã das segundas. Me recordo destas primeiras idas como quem se lembra de um pequeno segredo guardado a sete chaves... Ficávamos a madrugada inteira, por vezes até o amanhecer.







Era um pequeno portal que nos transportava a uma dimensão perdida no tempo, uma viagem pelas fantasias de uma taberna medieval. O mistério e o inesperado estavam em cada momento. As músicas antigas, medievais, renascentistas ascendiam o paladar da alma. Eram realmente momentos especiais, salpicados ainda por um ar de cumplicidade partilhada por todos aqueles que descobriam ali aqueles pequenos segredos das sombras boêmias.










Em uma determinada ocasião, devido a um blackout, perdeu-se a luz na casa. E eis que de repente, passamos a ter um verdadeiro jantar à luz de velas. O problema, no entanto, era que a música mecânica também se perdera na ausência da eletricidade. Eis então que se levanta um tenor, cliente até então, e começa a nos entreter a todos cantando pela noite afora. Das perdas, passamos à maior magia, embalada pelo reviver de uma época em que de fato não havia interruptores e lâmpadas incandescentes.











Os anos foram passando e o Esopo foi também mudando com os tempos. Passou uma boa etapa no bairro funcionários. A casa, com vários cômodos, já não era mais a mesma. E o fato de estar na cidade matava a maioria dos meus encantos. No entanto, um pouco daquela magia permanecia ainda estampada nos artistas e saltimbancos, habitantes de sempre daquele universo encantado. Mais alguns anos e eis que a casa se mudou novamente agora para seu espaço definitivo, mistura de mosteiro e castelo localizado na saída da cidade para Nova Lima. Um espaço grandioso, versão ampliada da primeira versão. Em alguma medida, grande até demais para o meu gosto.











Por certo, aqueles primeiros anos nunca retornarão. O Esopo deixou de ser uma pequena preciosidade partilhada por poucos. Se tornou mais comercial e menos intimista. Pequenos pedaços daquela magia, no entanto, continuam vivos. Hoje, pela primeira vez, pude registrá-los. Revelar um pouco do que meus olhos viam, da eternidade dos meus tempos médios, dos sonhos que sonhei.


sábado, abril 09, 2011








  


A noite de quinta-feira foi especial nas minhas coberturas pela noite da Circus. Pude rever duas bandas que haviam feito parte dos meus primeiros registros na casa: a Cash e a Laranja Mecânica. Como já falei um pouco sobre elas nestes primeiros posts, vou guardar o texto de hoje para novas passagens.










A noite foi marcada por muita receptividade e carinho por parte das bandas. Fui muito bem recebido tanto pelo Daniel Mazzochi (vocalista da Cash) quanto pelo Kicko Campos (vocalista do Laranja). Recebi até uma música em homenagem pela recém iniciada amizade com o Kicko (Superstition - do Steve Wonder). Foi uma noite muito legal e tudo isso é um bom sinal de reconhecimento pelo trabalho que vem sendo feito.









Ontem, refletindo sobre a ida, me perguntava sobre a possibilidade de não ter ido. Eu particularmente estava meio desanimado nessa quinta. Mas havia prometido e acabei indo. Recompensador foi o resultado - poder congelar para a eternidade estes pedaços de emoção é algo que me alegra muito. Acho que fotografar é uma espécie de assalto ao tempo, um surrupiar dos fluxos da vida. E nestes rumos tortuosos do inesperado, é essa a sensação que tive ao editar as imagens: fui um ladrão do tempo.



  




  




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