★ Flávio Souza Cruz ★

quarta-feira, maio 25, 2005

Há dias, devo recordar, em que o sangue costura trapos no aquém da carne. Serpenteada em noites, a trilha vermelha traça canais em meu olhar. Em camadas, ela se faz num mapa de rios dolorosos. Os cílios os escondem reverentes ao soar de um sorriso leve. E cada traço é um rosto, cada traço é um poço de lembranças a fechar. Coloco algodões em meus sentidos, algodões em meus olhos. Abro a gaveta dos anos e manueseio o apagador amigo. Há dias, devo recordar, em que a volúpia jaz ali coagulada. A vontade é um soco, o querer é um nada. Há dias, queira acordar, que no aquém dos trapos, a alma jaz morta e a carne é terna.

Imagem: Nadia Maria


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