★ Flávio Souza Cruz ★

segunda-feira, novembro 10, 2008

Há dias, e amanhã será um deles, em que a balada das horas será um recital a colorir. Acordarei ainda na tintura anil do meu hoje, roubando pedaços de uma nuvem a se esmaecer. Aportarei meus dedos pelo chão. E todo um quê de laranja vou sentir no mastigar de tijolos. Me descubro na transparência do banho. A limpeza abençoará meus pecados da noite — as penas de me curvar à alegria, me fazendo maestro-aprendiz e de me vestir em paletós verdes da poesia. A segunda me preparará o ventre das pedras. Me reconhecerei mortal e escalarei vontades alheias. No amanhã, serei a fantasia de ontem, o reencontrar das palavras de ferro. Mas em tudo, e neste amanhã, invocarei novos tons e prometo a mim mesmo - não fecharei o ponto sem da parede antes deixar minha marca. Uma pixada lembrança ao carcomer do amanhã. Mas hoje direi "não!"... não ainda... novas tintas, somente amanhã! Porque há dias, e o amanhã não é um deles, em que me permito devassado como um codex a se rasgar pelas mãos.

6 comentários:

Provisório disse...

Muito bem escrito...bom uso de adjetivos...
ficou parecendo um texto noir, muito bom!

Jay disse...

Extremamente delicado, com traços elegantes e uma profundidade quase palpável. Muito bom! Quando eu crescer quero ser assim.

Flávio Souza disse...

Prolixo Lacônico e Janete!

Fico muito feliz que tenham gostado! Sejam sempre muito bem vindos ao Epifania!

Rodrigo Ribeiro disse...

Mas rapaz!
Que texto é esse??
Que inspiração hein!
Parabens!

Erich Pontoldio disse...

Muito belo...limpo...criativo e delicado.

Nat Valarini disse...

Um verdadeiro escultor de palavras!

Gostei uito dessa parte: " Me reconhecerei mortal e escalarei vontades alheias"

É uma forma muito ímpar de trabalhar os sentimentos por meio das palavras, essa é uma grande virtude!

Bjoks!



http://ocaoinfiel.blogspot.com/

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