★ Flávio Souza Cruz ★

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★ M A G I C ★

★ F A N T A S Y ★

segunda-feira, outubro 27, 2003

Eu me lembro dos tempos do real forte, do início da internet, do início da Amazon e das minhas comprinhas felizes por lá pelos idos de 97 e 98. O preço era muito atraente e a festa foi boa. O tempo passou, o FHC se reelegeu e o câmbio foi para o espaço. Quando passou então dos 2,20, abandonei de vez aquela prática tão boa de me deleitar por aquela enxurrada de livros, livros e mais livros, os quais namorava por aquelas bandas. Na semana passada, resolvi dar um pulo novo e eis que acabei redescobrindo uma coisa que já tinha feito uma certa vez e que agora, com bom estudo se tornou uma boa alternativa - livros usados! Amigos, vocês não fazem idéia do que se pode comprar por lá com preços fantásticos. E olha que os usados que eu comprei nessa certa vez eram praticamente livros novos, sem diferença alguma. Recomendo a todos. Mas... afinal, o que eu comprei? 4 belezinhas bem baratas, todas "usadas": Fábula das Abelhas do Bernard de Mandeville, a obra completa em capa dura do Oscar Wilde, os Grundrisse do Marx (também em capa dura e que me saiu pela bagatela de US$ 1,70), e por fim o Teorias da Sociedade: fundações da moderna teoria sociológica, livro pequeno com 1479 páginas, organizado pelo Talcott Parsons. Por fim, só para dar a dica, existe lá na Amazon uma coleção fantástica com as obras completas do Shakespeare em capa dura por... 3 dólares! Amazing!

PS.1 - O Calor chegou! Gggrrrrrr!!! Eu odeio calor! Estou aqui escrevendo e sentindo o suor grudar na minha pele. Isso sempre me dá uma impressão de estar numa republiqueta caribenha... pior...sem praia!

domingo, outubro 19, 2003

Enquanto o tempo passa e os posts ficam na espera, resolvi colocar aqui uma das razões da minha ausência. Trata-se de uma longa noite que espero se tornará um dia bem festivo em minha vida que, pouco a pouco, vai ganhando forma finalmente. Na última noite, desliguei a TV e gravei uma coleção de mp3 com cantatas de Bach. Bem acompanhado, eu a noite e o dia vamos perambulando por Nietzsche, Hegel, Marx, Smith dentre outros amiguinhos. A música abre caminhos — é um ótimo alucinógeno para conversar com os "mortos"...

domingo, setembro 21, 2003

E N R E D E A R p o e t a m a r I N V E R S A R f a b r i r A R C A R n u n c a l a r I N C U L T A R a v o a r

quarta-feira, setembro 03, 2003




Naquele soluço do tempo, chamado colo de Deus, lhe contaram ser um filme a projeção daquilo que deveria cumprir logo abaixo. E que não se preocupasse, pois o rolo já estava fechado e a luz na tela íngreme iria guiar, e quase sempre, até mesmo empurrar, seus passos para boa cena na fita poder ser. Lhe deram violino e uma pauta e preocupar apenas com a música, que de resto deveria ser bem colada a tudo que visse e cheirasse. Copiou de pronto já umas boas partituras e no bolso guardou a estória de um tal Mozart, menino precoce que encenara o filme da terça. Fechou bem os olhos e já em pouso acordou virado pra baixo como se o inverso do ar fosse a Terra-teto-chão. De pronto, a angústia da perda se fez tão forte, pois das partituras lhe sobrara apenas o tom dobrado em D.

Era uma sexta-feira, 29 de abril de 69, ano de nosso senhor. A mão de sulcos velhos, lhe enroscava os cabelos e tez, como que num agrado lhe pudesse em termo, fazer acordar sem de todo despertar. O amigo ao lado dormia e a voz a inquerir, que dele já não era, em doce apelo acerca do agrado ao show, que de fato tinha sido, mas que agora era um balet sem música num salão de veludo. Quisera estar em Paris, compondo a nota belle elegant para bordéis de neon. Acaso, sorriu, lhe indicaram o vago portão de luzeiro carmim que recebia bem a quantia que podia pagar. Mas que tudo não lhe fazia mais os bugalhos da inversa vida, pois com boa sorte e metade do filme se podia tocar belos tangos e quem sabe à mulher de fartos seios que a seu lado sorria, compor uma cantata e havia pra isso de tudo o seu tempo. A facada aos treze, que na chegada à cidade, da fuga ao campo desatada daria um tom baião de morte e o beijo roubado à Rosalba, naquela tarde de fim de ano faria tremer as cordas na balada doce deixada na língua.


"Ahh..." se lembrando dos tons e de uns sopros inquietos, também um pouco. Levantou-se da mesma, beijou a mulher das mãos, e ao ébrio amigo lhe deu o ombro. Caminho em chuva, quase seis, ainda noite, cantarolou em pedaços, as faixas da trilha em mente. Tentava e tentava, de olhos quase-fechando, colar os cacos da vida em disco. Julgou serem ruídos de LP os buracos que não colavam e postulou ser assim mesmo tais coisas por aqui na cidade. Mal sabia o Ernesto, que por todos lhe chamavam Nesto, serem os buracos o fundo e a orquestra fortuna que a cada batida entoavam os rondós e a tragédia de seus dias. Mal sabiam eles, pensou o Nesto, que meus olhos, que de resto já enxergam a música, repuxaram meu ouvido. E neles, mal o sabem, já posso ouvir pedaços do aceno ao porvir, que ao longe sussurram não ser mais, eu nesse assombro, um vazio a cantar "tragedies no more..."



É clara e estrondante
É negra e angustiante

A dor que me punge
A alegria indizível

De me cantar em versos
Te mostrar em letras
Recolher meus restos

Nada tenho
Só me espanto
De em parcas linhas desgrenhadas
Ver o pó e a magia

Quando morro e renasço
Ao desenhar poesia

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