segunda-feira, maio 12, 2003
By Flávio Souza on segunda-feira, maio 12, 2003
E no terceiro dia de outubro ao norte da cidade de Hersell, foram orar pela morte da palavra. Ao chegar ali, uma virgem, uma prostituta e uma ocupada de pés calçados eram vistas em mármore negro se tocando pelas folhas. A virgem era chamada Helena e morrera ajoelhada pelo frio da espera. A prostituta, cujo nome era Bela, tornada velha empregada, de braços fechados lançou-se num amanhecer. A terceira cujo nome sempre se soube, vivera na boca e na memória de apenas um em Hersell. Cada uma teve seu tempo e glória, carregadas por esperanças, amanheceres e bocas. Na hora, quando todos voltavam os ombros ao horizonte. um ponto cristalino se joga do céu formando o caminho de lágrima nos olhos de Helena. Em bailado marchar, um jornal tocado ao vento vai em cuidado ocupar as vergonhas da moça de calçado pé. Deitada olhando para Deus, virada para o povo de Hersell a última boca de mármore sorri. E da oração pela trina morte fez-se um verso de estertor, partido em quatro linhas de querer, feito poema de criança, ressussitado porvir. As pessoas se foram, as estátuas também.
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sábado, maio 10, 2003
By Flávio Souza on sábado, maio 10, 2003
Só para anotar o momento - eu estressei com este computador. Uma semana tentando lidar com virus e trojans, instalar, reinstalar, corrigir bugs, registros, formatar, reinstalar, consertar, refazer, reestruturar, perder tempo, perder horas e horas e um tempo sagrado que poderia estar aqui marcado por um verso, um reverso ou um bater de tambor na cabeça de um sonso. Mais tarde eu voltarei, dessa vez para ficar por mais tempo.
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domingo, maio 04, 2003
By Flávio Souza on domingo, maio 04, 2003
Passei o final de semana todo apanhando e passando raiva com computador. Normal. Faço parte deste universo sado-masoquista há 20 anos. Mas essa foi daquelas vezes em que perdi a paciência, estressei, torrei o saco. Para finalizar, o Atlético perdeu a segunda partida seguida no brasileiro. O computador onde estou vem tendo problemas no gerenciamento de memória, dentre outros bugs. Para fazer as coisas que fiz, tive que dar pelo menos, sendo bem pessimista, uns 50 boots. E lá se vai o tempo para pensar, escrever, produzir, prosear e até mesmo não-fazer. Hoje fiquei pensando na eternidade do dia que passei tentando resolver coisas neste micro. Coisa normal, banal e um pensamento até utilitarista, poderia imaginar. Mas foi na verdade mais um insight de que... a vida poderia ser de outro jeito.
Preciso encontrar uma identidade para o HIPERFOCUS.
Ontem, no sábado, fui fazer das coisas boas e gostosas que há muito não fazia, ou seja, passear nas livrarias da Savassi pela manhã, quer dizer, pela hora do almoço. Comprei duas belezinhas por um ótimo preço. São elas Faróis, edição fac-similar do Cruz e Souza e o Selected Poems do John Keats, editado pela Gramercy. E agora eu vou postar logo, pois de tanto travar, meu micro agora vive no universo marxiano onde tudo que é sólido desmancha no ar. Hasta Pronto!
Preciso encontrar uma identidade para o HIPERFOCUS.
Ontem, no sábado, fui fazer das coisas boas e gostosas que há muito não fazia, ou seja, passear nas livrarias da Savassi pela manhã, quer dizer, pela hora do almoço. Comprei duas belezinhas por um ótimo preço. São elas Faróis, edição fac-similar do Cruz e Souza e o Selected Poems do John Keats, editado pela Gramercy. E agora eu vou postar logo, pois de tanto travar, meu micro agora vive no universo marxiano onde tudo que é sólido desmancha no ar. Hasta Pronto!
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quarta-feira, abril 30, 2003
By Flávio Souza on quarta-feira, abril 30, 2003
A copa da árvore compunha a parte das minhas membranas entremeadas por um sol reticulado de nuvens. Cerrei os olhos em busca da sombra dos meus causos. Respiração e olhar se inspiraram num tragar de lembranças voltadas para o chão. Levantei-me e olhei de volta o raiar púrpuro da tarde que se despedia. A vida continua seu ritmo ininterrupto de cores, enquanto as lembranças tinham gosto de sépia. Olhei a curvatura brilhante da fruta nas minhas mãos e dela se desfez em pedaços agora rasgados por meus dentes. A boca rumina pedaços de idéias a cada volta. Você está lá entremeada por desejos, tijolos, gramados e sorrisos. E tudo então se volta como ritmo cadenciado pelo movimento de cada parte da face. E cada parte é dor lembrança e pétala jogada. Ao fundo, o barulho das folhas revoadas se encapotando pra noite, ao dentro Renato canta uma mistura de Legião e versos meus. Os dedos se tocam como se quisessem tirar do outro um roteiro de trabalho. A mesa está posta num xadrez e prato só. Volteio de novo o corpo e o horizonte lá me espera a interrogar sobre o dia. Como a prestar contas, os braços e mãos espalmadas a altura do queixo se entregam à disposição de um tempo que se abre, negando a traição pelo que se foi. Eu me desfiz do dia, confessei. Me refiz à tarde, e à noite, beijo seu, me molhar de vida é o que peço.
Voltei ao quarto das luzes acesas, rezei três palavras com a língua e lábios se fechando. Cada minuto se eterniza numa ópera bufa incansável por não se terminar. De me cansar das horas internas fui contar os ponteiros da lua nascente. Imaginei arte pop de um The Cure misturado a Pumpkins desenhando babados e bocas vermelhas no amanteigado seio do céu. E me imaginava em assombro por haver tudo ali. E por estar tudo ali, a caixa de lembranças carregadas no pulsar dos meus ossos e a caixa de esperanças de um céu desenhado por música. Me entendi como céu, me vi como tinta pintada no céu daqueles que perdi. As cores rosnavam como feras, deslizavam como anjos e inchavam em orgasmo. Abri os olhos e o azul negro agora era tudo. A primeira estrela aparece, mais uma e outra mais. Um carro passa logo abaixo na estrada. Olho para a mesa, volto a comer. Garfos e facas retrançam uma velha ladainha cantada por velhas a me ensinar sobre sacos que ficavam em pé. Uma mão toca meu ombro, minha pele instilada por cheiros a pressentir. Está na hora, Carla Maria, me diz a voz. A porta se fecha e fico a contar nas linhas da mão se a sexta hora da lua já havia apontado nos olhos dela, naqueles que um dia me visitaram como boca de pintada lua. Fechei os olhos e o púrpuro raiar agora é tudo.
Voltei ao quarto das luzes acesas, rezei três palavras com a língua e lábios se fechando. Cada minuto se eterniza numa ópera bufa incansável por não se terminar. De me cansar das horas internas fui contar os ponteiros da lua nascente. Imaginei arte pop de um The Cure misturado a Pumpkins desenhando babados e bocas vermelhas no amanteigado seio do céu. E me imaginava em assombro por haver tudo ali. E por estar tudo ali, a caixa de lembranças carregadas no pulsar dos meus ossos e a caixa de esperanças de um céu desenhado por música. Me entendi como céu, me vi como tinta pintada no céu daqueles que perdi. As cores rosnavam como feras, deslizavam como anjos e inchavam em orgasmo. Abri os olhos e o azul negro agora era tudo. A primeira estrela aparece, mais uma e outra mais. Um carro passa logo abaixo na estrada. Olho para a mesa, volto a comer. Garfos e facas retrançam uma velha ladainha cantada por velhas a me ensinar sobre sacos que ficavam em pé. Uma mão toca meu ombro, minha pele instilada por cheiros a pressentir. Está na hora, Carla Maria, me diz a voz. A porta se fecha e fico a contar nas linhas da mão se a sexta hora da lua já havia apontado nos olhos dela, naqueles que um dia me visitaram como boca de pintada lua. Fechei os olhos e o púrpuro raiar agora é tudo.
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