Na beirada do laranjal moram cheiros do passado dos meus passos. Na beirada do laranjal mora o balanço do meu sorriso. E lá bem fundo, na beirada do laranjal, mora o rio do meu sonho. Lá, bem antes, bem cedo, bem viva eu corria, longe, caminhando nos cheiros, nas folhas do laranjal.
quinta-feira, março 03, 2005
By Flávio Souza on quinta-feira, março 03, 2005
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quarta-feira, março 02, 2005
By Flávio Souza on quarta-feira, março 02, 2005
Um torpor exalado em fel. Mulheres em pranto e um doce ar de canela saindo pelo quarto. O movimento do corpo ajoelhado pendia em pêndalo num ir e vir que beijava o chão e se erguia para o céu.
- O que pedes?
- Por ele.
- Não o sabes ainda?
- Saber?
- Ele já não mais está.
E de pronto, a dor foi mais intensa e seu corpo extremeceu. Vozes penetravam seu corpo e como adagas em curva lhe desfaziam na volta. "Ele já não mais está"..."Ele já não mais está"... Agarra o pano da cama, chora. E cada gota é um dia, cada rosto, um olhar, cada olhar carregado de vida a escorrer. As mulheres chorando, o quarto em pedaço. O corpo retorna a si mesmo, encolhe. As mãos em prece, o joelho como feto. E quisera então naquele momento gritar tudo e se dizer cristã. Perdoar-se da mágoa e se molhar de santa. Quisera então naquele momento desamá-lo em tudo e se dizer ausente, rogando pragas por se sentir ali. "Óh, amada", dissera ele, em compaixão, "Que tudo o fazes pra me amar, e nada tenho além de mim." "E nada tenho", além de ti, "sempre incompleto", agora em mim. E a doce mão do amigo lhe pousa o ombro e tua calça agora é pouso pra teus olhos. "Abraça-me!", os dois dizem. E uma música ressoa no quarto, salgado agora, na largura do céu.

* Montagem feita com fotos de Calvato.
- O que pedes?
- Por ele.
- Não o sabes ainda?
- Saber?
- Ele já não mais está.
E de pronto, a dor foi mais intensa e seu corpo extremeceu. Vozes penetravam seu corpo e como adagas em curva lhe desfaziam na volta. "Ele já não mais está"..."Ele já não mais está"... Agarra o pano da cama, chora. E cada gota é um dia, cada rosto, um olhar, cada olhar carregado de vida a escorrer. As mulheres chorando, o quarto em pedaço. O corpo retorna a si mesmo, encolhe. As mãos em prece, o joelho como feto. E quisera então naquele momento gritar tudo e se dizer cristã. Perdoar-se da mágoa e se molhar de santa. Quisera então naquele momento desamá-lo em tudo e se dizer ausente, rogando pragas por se sentir ali. "Óh, amada", dissera ele, em compaixão, "Que tudo o fazes pra me amar, e nada tenho além de mim." "E nada tenho", além de ti, "sempre incompleto", agora em mim. E a doce mão do amigo lhe pousa o ombro e tua calça agora é pouso pra teus olhos. "Abraça-me!", os dois dizem. E uma música ressoa no quarto, salgado agora, na largura do céu.

* Montagem feita com fotos de Calvato.
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By Flávio Souza on quarta-feira, março 02, 2005
Tenho hoje uma novidade aos meus poucos e preciosos leitores. Depois de muito refletir sobre minha vida e sobre minha vida como escritor, especialmente, resolvi tomar uma decisão. A partir de hoje, escreverei textos literários todos os dias por aqui. Não os garanto no sábado e domingo, mas me esforçarei também nestes dias. De qualquer forma, ao longo da semana "útil" escreverei e postarei sempre, todos os dias. Promessa de pé junto!
Frase da Noite - Eu escrevo para poucos, amigos diletos. Para os muitos, existem os coelhos!
Frase da Noite - Eu escrevo para poucos, amigos diletos. Para os muitos, existem os coelhos!
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terça-feira, março 01, 2005
By Flávio Souza on terça-feira, março 01, 2005
Ele procurava a voz, mas a voz se escondia. Ele procurava por uma prova, mas a prova se escondia. Ele teceu mil palavras e as enrolou num tear de vontades em espera. A cada dia tecia e esperava. Pedia e clamava - "fale comigo, me mostra que escutas... ouve-me, retorna-me!..." Mas a voz não vinha. Ele procurava a voz, mas a voz se escondia. Ele procura um tremular, uma batida no vento, mas o ar não ardia. Procurava pelos cantos, mas o vento era apenas castigo, não era vida. Do tear fez teias para lhe abrigar da solidão da voz, dos dias. Mas a garganta clamava e a cada dia à parede pedia "em favor, por mim, fala comigo!" As semanas se refaziam em trilha, mas a voz se escondia. Um belo dia, dá-se o sinal - o telefone toca - dois acordes - ela diz, femina, finalmente, e o tom é carmin - "bom dia, querido..." Mas ali, no assombro do toque, do ouvir em riste e coração cansado, sabia ele, não era ela, aquela voz.
Foi noite, capítulo segundo.
Foi noite, capítulo segundo.
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sábado, fevereiro 26, 2005
By Flávio Souza on sábado, fevereiro 26, 2005
Japoneses e Numa Numa Dance, versão epifânica.
Este post foi originalmente elaborado e postado no Hocus Pocus. No entanto, resolvi postá-lo aqui também para ver o que acontece com as visitas ao blog. Neste post, coloquei uma série de endereços muito divertidos, onde o leitor certamente irá rolar de rir com as várias "bobagens" encontradas. apesar da abordagem não ter nada a ver com o Epifania e ser apenas um experimento, enjoy it! Os primeiros do dia são as fantásticas homenagens às séries Jaspion e Changeman. Olha, é imperdível! Eu chorei de rir com as traduções das músicas - realmente impagável. Depois da tosqueira japonesa, chega a vez do sensacional gordinho interpretando a música romena Numa Numa Dance. As caras e poses do gordinho são impagáveis! Show de bola mesmo! Clique neste site e coloque em watch this movie! Nessa minha busca por tosqueiras acabei de encontrar este blog dedicado ao nobre assunto das inutilidades da internet. Por lá eu encontrei este sensacional video sobre o Ping Pong Matrix! Show de bola, literalmente esse! Outro bem divertido é este leitor de mentes! Surpreendente!
Ps 1. O nome do Gordinho Numa Numa Dance é Gary Brolsma e atende pela alcunha de gman250. O nome da música que ele canta é Dragostea Din Tei e você encontrá-la aqui para comprar. No link a seguir você poderá pegar o video de uma versão hebraica da canção. A banda que canta a música se chama O-Zone e é romena. Neste link você poderá ver a banda tocando na TV. Se estiver ainda mais interessado, aqui está o videoclip da música! Para quem, no entanto, quiser dançar e cantar junto com o gordinho Gary, aqui vai a letra da música.
Aaahh - só para fechar a tosqueira, essa música tem também uma "maravilhosa" versão em português, interpretada pelo Latino chamada Festa no Apê! Tsc tsc tsc.
Este post foi originalmente elaborado e postado no Hocus Pocus. No entanto, resolvi postá-lo aqui também para ver o que acontece com as visitas ao blog. Neste post, coloquei uma série de endereços muito divertidos, onde o leitor certamente irá rolar de rir com as várias "bobagens" encontradas. apesar da abordagem não ter nada a ver com o Epifania e ser apenas um experimento, enjoy it! Os primeiros do dia são as fantásticas homenagens às séries Jaspion e Changeman. Olha, é imperdível! Eu chorei de rir com as traduções das músicas - realmente impagável. Depois da tosqueira japonesa, chega a vez do sensacional gordinho interpretando a música romena Numa Numa Dance. As caras e poses do gordinho são impagáveis! Show de bola mesmo! Clique neste site e coloque em watch this movie! Nessa minha busca por tosqueiras acabei de encontrar este blog dedicado ao nobre assunto das inutilidades da internet. Por lá eu encontrei este sensacional video sobre o Ping Pong Matrix! Show de bola, literalmente esse! Outro bem divertido é este leitor de mentes! Surpreendente!
Ps 1. O nome do Gordinho Numa Numa Dance é Gary Brolsma e atende pela alcunha de gman250. O nome da música que ele canta é Dragostea Din Tei e você encontrá-la aqui para comprar. No link a seguir você poderá pegar o video de uma versão hebraica da canção. A banda que canta a música se chama O-Zone e é romena. Neste link você poderá ver a banda tocando na TV. Se estiver ainda mais interessado, aqui está o videoclip da música! Para quem, no entanto, quiser dançar e cantar junto com o gordinho Gary, aqui vai a letra da música.
Aaahh - só para fechar a tosqueira, essa música tem também uma "maravilhosa" versão em português, interpretada pelo Latino chamada Festa no Apê! Tsc tsc tsc.
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