★ Flávio Souza Cruz ★

terça-feira, março 01, 2005

Ele procurava a voz, mas a voz se escondia. Ele procurava por uma prova, mas a prova se escondia. Ele teceu mil palavras e as enrolou num tear de vontades em espera. A cada dia tecia e esperava. Pedia e clamava - "fale comigo, me mostra que escutas... ouve-me, retorna-me!..." Mas a voz não vinha. Ele procurava a voz, mas a voz se escondia. Ele procura um tremular, uma batida no vento, mas o ar não ardia. Procurava pelos cantos, mas o vento era apenas castigo, não era vida. Do tear fez teias para lhe abrigar da solidão da voz, dos dias. Mas a garganta clamava e a cada dia à parede pedia "em favor, por mim, fala comigo!" As semanas se refaziam em trilha, mas a voz se escondia. Um belo dia, dá-se o sinal - o telefone toca - dois acordes - ela diz, femina, finalmente, e o tom é carmin - "bom dia, querido..." Mas ali, no assombro do toque, do ouvir em riste e coração cansado, sabia ele, não era ela, aquela voz.

Foi noite, capítulo segundo.

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