Anúncio & Chamado - quero anunciar a vocês, meus leitores, que estamos participando de um processo. Parte dos posts colocados aqui no Epifania serão transformados no ano que vem no meu primeiro livro chamado O Livro dos Milagres. A outra parte, eu a estou escrevendo em algum lugar, por aí, não aqui. Afinal, devo ter algo novo a vos oferecer nas páginas impressas, não é mesmo? O fato é que, em verdade, estamos num mesmo barco rumando a este livro. Epifania, meu outro projeto literário continua vivo, mas será adiado para a execução deste livro dos milagres. Espero contar com a ajuda de todos vocês que aqui frequentam, principalmente criticando meus textos. Eles não estão prontos. Alguns podem e serão até em muito mudados. Por isso, conto com vocês! Não tenham papas na língua. Se não gostarem, se gostarem, se gostarem de partes, se acharem defeitos ou tiverem dúvidas, por favor, escrevam nos comments! Hasta Pronto!
terça-feira, março 08, 2005
By Flávio Souza on terça-feira, março 08, 2005
Laurinda olha para o lado. A tia Isadora, Julinha nos braços. Um quarto as separa. Um grito, um respiro. Mais nada. Dorme, o corpo queimado.
E mal sabia José e também agora Pedro que o amor fora cama, e que a tez, agora chama, fora a loucura de uma perda. Em prece, oraram. A tia, Pedro e Julinha no colo.
Hoje está viva, a casa se foi, a pele um pedaço, e o amor, aquele em chama, também.
A lágrima é um pingo com que se bordam os panos de dó.
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segunda-feira, março 07, 2005
By Flávio Souza on segunda-feira, março 07, 2005
No encontro da rua Augusta com a praça do Rosário número cinquenta e dois, Wanyr, passo altivo, se defronta com o Sr. Samuel. Em cordial e afável sorriso os dois levemente abaixam a cabeça. Samuel, inclinado para a esquerda, um gesto ainda com o braço. Se estudam. Wanyr, olhar concêntrico lhe mede olhos, boca e rugas como se o vento lhe dissesse coisas. Desenha na mente o rosto e percorre cada traço. Lhe intriga o Sr. Samuel.
- Bom dia.
- E já quase noite, emenda Wanyr.
- Saindo?
- Chegando.
- Então um abraço.
Wanyr, braço levemente erguido, um ultimo aceno.
Não entendia de fato este Samuel. Sempre o encontrava nos mais diferentes lugares, nos mais diferentes caminhos, nas mais diferentes casas. E nada disso lhe fazia sentido. "E nada faz sentido", pensou alto. O mundo de Wanyr era um quadrilátero quase-perfeito, há de se ressaltar. De fato, Wanyr e o mundo se davam muito bem. Ele se sentia um escolhido e o mundo o retribuía na sua esperada dignidade. Wanyr andava pelos corredores e quartos, pelas ruas e casas, sorriso sempre aberto, levemente esticado para a direita. Esbarrava às vezes nas plantas e no pé, mas era um hábil observador. Adorava e tinha obsessão por quadros, molduras e papéis. Ele media o mundo e media as pessoas. Enquadrava a vida e emoldurava as pessoas. E assim, Wanyr, dia-a-dia escalava papéis. E assim dizia - "aquele é aviador, este, aviário, já aquela, nariz angulado, bancária de balcão". O mundo de Wanyr era belo pois nos quadros a vida era comportada. E assentava à tarde, satisfeito com as vidas emolduradas na parede. E de súbito apareçera Samuel, aquele que a tudo fugia e lhe angustiava. Buscava e buscava molduras e papéis para Samuel, mas em nada este lhes cabia. Pensou nos batistas, pensou nos espíritas, pensou em ateus e até budistas. Nada e ninguém lhe salvava. Foi assim então que Wanyr, parado naquela tarde de domingo, chorou.E das mãos lhe nasceram folhas. De Wanyr as pernas formadas troncos sangraram os tacos da sala. E a terra misturada ao musgo lhe subiu com os bichos da floresta. As folhas se fecharam e lhe taparam o corpo. E no escuro, agora dentro, Wanyr descobriu que agora, desde sempre e muito antes - ser apenas e não mais, um cara na multidão, um cara cego.
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sexta-feira, março 04, 2005
By Flávio Souza on sexta-feira, março 04, 2005
"A morte está cansada da morte. O dia está cansado do dia. A morte está cansada da morte. O sangue está na cansado do dia." Tropeça. Cai. "A morte está cansada da morte. O dia está cansado do dia. A morte está cansada da morte. O sangue está na cansado do dia.", repete. A boca seca num esforço, um pigarro.
Em casa, mãos limpas. Sentado. "A morte está cansada da morte. O dia está cansado do dia. A morte está cansada da morte. O sangue está na cansado do dia." Mas nada irá impedir a vida cansada de Maria de Lourdes que se esvai, quase-morta e nem mais um dia.
Em casa, mãos limpas. Sentado. "A morte está cansada da morte. O dia está cansado do dia. A morte está cansada da morte. O sangue está na cansado do dia." Mas nada irá impedir a vida cansada de Maria de Lourdes que se esvai, quase-morta e nem mais um dia.
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quinta-feira, março 03, 2005
By Flávio Souza on quinta-feira, março 03, 2005
Na beirada do laranjal moram cheiros do passado dos meus passos. Na beirada do laranjal mora o balanço do meu sorriso. E lá bem fundo, na beirada do laranjal, mora o rio do meu sonho. Lá, bem antes, bem cedo, bem viva eu corria, longe, caminhando nos cheiros, nas folhas do laranjal.
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