★ Flávio Souza Cruz ★

sexta-feira, maio 27, 2005

Há dias que as palavras não assinam, irrelevantes. Há dias de corriqueiro dormir, corriqueiro almoçar, manifesto repetir. Há dias, e este não é um destes, em que a cabeça se esquece das mãos. O esticar e repuxar dos músculos toma o comando de tudo. Abro os lábios, falo, pronuncio e me esqueço. Eu sei, está tudo lá num lugar das repetições de onde retiro as frases prontas. Os gestos sabidos, às vezes prorrogados na busca do andar das horas. Fechar o ponto, depositar a hora, postar o crédito. Há dias em que as horas assassinam, nos matam por dentro. Nestes, sou Chaplin na engrenagem, descendo e subindo de costas. Na verdade é acordo assinado perante as mãos. O apertar do ritmo pulsante, o estender no ritmo das coisas. E é tudo, ato voluntário, um desapego ao sono, um desemprego forçado do sonho, um ardil pra viver. 


 

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